Na rede particular, alunos têm ressalvas às reformas do ensino médio
Para alunos de escolas de São Paulo a flexibilização do currículo é positiva, mas pode “afrouxar” a formação atual, já que vai diminuir o tempo de formação geral
atualizado
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As reformas previstas para o ensino médio foram vistas com ressalvas por alunos de escolas particulares ouvidos pelo jornal O Estado de S.Paulo. Eles acreditam que a flexibilização do currículo é positiva, mas pode “afrouxar” a formação atual, já que vai diminuir o tempo de formação geral.
No Colégio Bandeirantes, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, as adaptações já começaram a ser sentidas pelos alunos do 1.º ano do ensino médio. O trecho da Medida Provisória que trata dos profissionais com “notório saber”, por exemplo, já é seguido pelo colégio.
Em trabalhos envolvendo Português, os alunos trabalham com oficinas de comunicação em que são orientados por um jornalista e uma roteirista de cinema, ao lado de um professor. “É uma maneira de atrair esses profissionais de fora da escola para dentro do processo educacional”, diz o diretor-presidente Mauro de Salles Aguiar.
O Bandeirantes também já mescla diferentes disciplinas em um projeto chamado Steam (a tradução da sigla significa Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática). Nessas aulas, alunos precisam desenvolver projetos usando conhecimentos de cada área.
O estudante João Maran, de 16 anos, que está no 1.º ano do ensino médio, elogia o modelo integrado. “Vemos que há elementos de várias matérias que se juntam, como Biologia, Química e Geografia”, diz.
Sobre a flexibilização do currículo, ele acha que não vai funcionar. “Eu quero estudar em uma universidade no exterior e lá eles querem uma formação completa. Não é simplesmente ter uma nota boa em uma área ou outra. Para mim, é importante ter todas as matérias.”
A estudante Erika Medeiros, de 15 anos, também aluna do 1.º ano do ensino médio, gostou da “fusão” de disciplinas, que diz estimular a criatividade. “O aluno se sente mais valorizado porque dá ideias, ouve os colegas e monta um projeto que ele ajudou a criar”, diz.
Beatriz de Souza Bim, de 15 anos, aluna do 1.º ano na escola Lourenço Castanho, na zona sul, diz não concordar com o afunilamento das matérias que pode acontecer a partir da MP. “Está desvalorizando outras áreas de conhecimento. Também acho que muitos alunos não vão escolher o que querem para o futuro, mas seguir as ‘panelinhas’. Estamos em uma fase da vida em que as amizades valem mais do que tudo.”