Na linha de Caiado, ao menos 178 prefeituras em Goiás não terão ponto facultativo no Carnaval
Maioria dos 246 municípios goianos decidiu pela medida por causa da pandemia da Covid-19: objetivo é impedir aglomerações
atualizado
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Goiânia – Levantamento da Associação Goiana dos Municípios (AGM) mostra que pelo menos 178 prefeituras goianas não vão decretar ponto facultativo no Carnaval para evitar ainda mais aglomeração de pessoas e tentar conter a pandemia da Covid-19. O total corresponde a 72% dos 246 municípios do estado e mostra que a maioria das cidades decidiu seguir a orientação do governo estadual.
O governador Ronaldo Caiado (DEM) anunciou, em live na última sexta-feira (29/1), que não decretaria ponto facultativo aos servidores estaduais no Carnaval deste ano por causa da pandemia. Em seguida, prefeitos começaram a se mobilizar para pedirem posicionamento da AGM sobre o assunto, motivo pelo qual a entidade realizou a pesquisa antes de reafirmar o seu posicionamento favorável à medida do democrata.
O levantamento da AGM, obtido pelo Metrópoles, mostra que estão no grupo das 178 prefeituras que não vão decretar o ponto facultativo as cidades de Goiânia, Goiás, Alto Paraíso, Caldas Novas, Pirenópolis, Rio Quente, São Miguel do Araguaia, Trindade, Uruaçu e Trindade, por exemplo. Nesse grupo, estão cidades turísticas com carnavais tradicionais e muito procurados, como Caldas Novas e Pirenópolis.
Fato curioso ocorreria em Cachoeira Alta, cidade do sudoeste goiano. A primeira informação divulgada pelo levantamento da AGM diz que o município iria autorizar o ponto facultativo do funcionalismo. No entanto, os servidores públicos que viajassem teriam de ficar em casa após o retorno para fazer o teste da Covid-19. Eles ficariam ainda com o salário suspenso durante os dias de quarentena.
A Prefeitura de Cachoeira Alta, entretanto, não tinha explicado de que maneira saberia quais funcionários teriam viajado ou não no feriadão. Mais tarde, em contato com o Metrópoles, o prefeito do município, Dr. Rodrigo Mendonça (PDT), disse que a informação tinha sido divulgada indevidamente e que o município iria aderir ao movimento iniciado pelo governo do estado e não decretaria ponto facultativo no Carnaval.
Em outros 10 municípios, de acordo com a AGM, os funcionários das prefeituras poderão decidir se irão, ou não, trabalhar, como são os casos de Aparecida de Goiânia e Corumbá de Goiás. A decisão de decretar, ou não, ponto facultativo ainda está pendente em outras 25 prefeituras, que informaram que vão analisar a situação. Nesse grupo, estão os municípios de Aruanã e Cristalina. Outras 33 prefeituras não responderam à pesquisa da associação.
Risco menor
De acordo com o secretário executivo da AGM, Armando Leão, o decreto do governo estadual influencia diretamente no cotidiano das pessoas, principalmente com a saúde e a economia. “A gente entendeu que não decretar o ponto facultativo diminui o risco de mais aglomerações. Se tivesse ponto facultativo, as pessoas se sentiriam estimuladas a se aglomerarem”, disse.
No dia em que anunciou que o estado de Goiás não teria ponto facultativo, o governador havia lembrado que o carnaval não é feriado nacional. “É um ponto facultativo, e, como tal, quero avisar a todas as pessoas que não teremos, no estado de Goiás, ponto facultativo nem no dia da terça nem na segunda-feira que antecede a data em que se festejava o Carnaval”, afirmou, na ocasião.
A decisão do governador foi apoiada pelo setor produtivo. O Fórum das Entidades Empresariais do Estado de Goiás (FEE) também divulgou uma nota no último dia 1º informando que não iria apoiar a concessão do ponto facultativo no Carnaval aos funcionários do setor privado.
O Carnaval será comemorado no dia 16 de fevereiro. Normalmente, os foliões aproveitam o período e fazem um feriadão, emendando quatro dias de festa, da noite de sexta-feira até terça-feira. Até antes da pandemia, o ponto facultativo dos órgãos públicos se estendia até o início da tarde de quarta-feira de cinzas.
Lei seca
Em algumas das cidades goianas, inclusive, estão também valendo regras para tentar diminuir a circulação de pessoas e a consequente propagação do novo coronavírus. Exemplo disso é a própria capital, onde a prefeitura editou regras para funcionamento de estabelecimentos comerciais nos horários noturnos.
A chamada lei seca em Goiânia está valendo desde o último dia 28/1, a partir de quando denúncias de irregularidades começaram a ser investigadas e vários estabelecimentos foram multados. Os municípios também estão se baseando em decreto estadual para adotar seus regimes próprios de lei seca.