Lula modera discurso e diz “compreender” como europeus veem guerra

Em discurso na Espanha, nesta terça-feira (25/4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repetiu o tom moderado que adotou durante a viagem ao continente em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. No pronunciamento ao setor empresarial, em Madri, o mandatário brasileiro defendeu que “compreende perfeitamente bem” como os europeus veem o conflito.

“Eu me vejo diante de uma unidade com muitas complicações, em quase todos os países do mundo, resultado de uma guerra insana que é a guerra da Rússia e da Ucrânia. Eu compreendo perfeitamente bem como os meus amigos europeus veem a guerra”, afirmou.

Segundo Lula, o conflito bélico “jamais poderia ter acontecido”, porque não se pode “aceitar que um país invada a integridade territorial do outro”. Mas poderou que é preciso “falar sobre paz”, e que está convencido de que o que pode evitar uma escalada ainda maior do conflito é a “sensatez de tentar encontrar um denominador comum para chegar à paz”.

Veja:

No @Metropoles | Lula sobre Rússia x Ucrânia: “compreendo perfeitamente como europeus veem a guerra”

Durante discurso no Fórum Empresarial de Madrid, na tarde desta terça-feira (25/4), o presidente cita conflito em tom moderado.

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— Jaqueline Fernandes (@jaqfernandess) April 25, 2023

Membro da União Europeia, o governo liderado pelo primeir0-ministro Sanchez se posicionou ao lado de Kiev no conflito. No último sábado (22), a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, anunciou o envio de mais seis tanques de guerra com destino ao território ucraniano.

O mandatário brasileiro ecoou o discurso de horas antes, feito no Parlamento português, em Lisboa. Na ocasião, Lula declarou que o Brasil entende a apreensão no continente em função da guerra, e defendeu que o país “condena a violação da integridade territorial da Ucrânia”.

A declaração é diferente da feita pelo presidente em visita aos Emirados Árabes, no início deste mês. No roteiro, após a viagem à China, Lula acusou os EUA e Europa de “prolongarem” a guerra na Ucrânia.

Lula desembarcou na Espanha esta manhã, após uma visita oficial de quatro dias à Portugal. Em Madri, ele teve um encontro com líderes sindicalistas e discursou no Fórum Econômico Brasil-Espanha. Na quarta (26), o chefe de Estado brasileiro se reúne com o rei Felipe VI, e com o primeiro-ministro do país, Pedro Sanchez.

Acordo Mercosul-UE

Lula também aproveitou a ocasião para pedir o apoio do governo espanhol, que assume a presidência do Conselho da União Europeia em julho, à concretização do tratado de livre comércio entre o Mercosul e o bloco europeu.

“O Brasil e os sócios do Mercosul estão engajados no diálogo para concluir as negociações com a UE, e esperamos ter boas notícias ainda este ano […] A feliz concordância de que o Brasil e a Espanha presidirão nossas reuniões aduaneiras no segundo semestre deste ano (sic) permitirá avanços substantivos para a conclusão do acordo”, afirmou.

“Eu acho que a Espanha na presidência [do conselho da UE] poderá ajudar muito na conclusão desse acordo, que eu imaginava que ia ser feito no meu primeiro ano de mandato, em 2003, 2007, 2011… e esse acordo não foi feito. Eu espero que seja feito agora”, emendou.

Há mais de duas décadas, os blocos econômicos trabalham para a conclusão da medida, que pretende criar a maior zona de comércio do mundo. Questões como a proteção climática e a garantia de direitos humanos foram entraves impostos por membros do grupo europeu em ratificar o acordo.

A Espanha é o segundo principal investidor estrangeiro no Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos. Atualmente, o estoque de investimentos espanhóis é de US$ 63 bilhões. Dentre as mais de mil empresas que atuam no mercado brasileiro, os principais setores são o financeiro e o de comunicações.