Na disputa ao Planalto, Leo Péricles (UP) critica alianças de Lula
Presidente da Unidade Popular, partido pelo qual concorre à Presidência, Péricles classificou sua candidatura como uma “via possível”
atualizado
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Presidente nacional da Unidade Popular pelo Socialismo e pré-candidato do partido à Presidência da República, Leonardo Péricles considerou como “muito incoerente” a provável chapa entre o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido).
De acordo com ele, o campo político do ex-tucano é “corresponsável pelo genocídio que o povo negro sofre”. A declaração foi dada em conversa com a repórter Mariana Costa, no Metrópoles Entrevista. “É muito incoerente se portar contra o genocídio da juventude negra e, quando chega o processo eleitoral, se aliar a setores que aumentam efetivo da PM, dizendo que isso vai resolver o problema da violência, que mantêm essa estrutura militar funcionando sem revisão alguma”, disse (confira a partir de 7’21”).
O dirigente partidário e concorrente ao Palácio do Planalto também se colocou como uma alternativa às candidaturas postas para o pleito de outubro. “Eu sou uma via possível, realizável, de esquerda, que se propõe a superar o problema central que temos no Brasil hoje. Na nossa opinião, a principal tarefa é derrubar o governo Bolsonaro, combater essa escalada nazifascista. Esse problema já vem de tempo. Inclusive com um presidente faz apologia a torturadores, ao Regime Militar, que não deve nada ao regime terrorista que Hitler implantou na Alemanha na década de 1930”, pontuou (13’50”).
Péricles também criticou o modelo político brasileiro, já que “foi organizado de forma que nenhum partido possa ter maioria no Congresso Nacional”. Esse já um dos grandes problemas que já temos”, declarou.
“Não é uma democracia”
Péricles ainda declarou que “há muitos erros nessa estrutura que se coloca como democrática, mas na prática não acontece”. Como exemplo, ele cita a baixa representatividade de negros e mulheres nos cargos mais importantes da República. “É uma demonstração de como essa democracia atual, liberal, burguesa não é uma democracia”, afirmou (1’05”).
“Se a maioria de uma população de um país é negra ou mulher, como o Congresso Nacional, câmaras municipais, assembleias legislativas não representam essa maioria? Como não é reflexo? Outro ponto é o racismo estrutural. Ele impera nos espaços que vivemos, e nos coloca nas funções mais subalternas na sociedade, de forma a exercer o trabalho mais precarizado possível”, questionou.
Durante a entrevista, o presidente da UP e postulante à chefia do Executivo nacional também abordou programas de campanha, como a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, classificou o teto de gastos do governo federal como um ataque à população pobre e citou Gabriel Boric, eleito presidente do Chile, como exemplo de união entre projetos de esquerda, movimentos sociais e mobilização da sociedade, à qual taxou como essencial, já que, de acordo com ele, “votar é um pedacinho do processo democrático”.