Na CPI, diretores da Prevent Senior admitem que ofereciam kits Covid
“O médico poderia ou não prescrever”, ressaltou Pedro Benedito Batista Junior, diretor-executivo da Prevent Senior, à CPI na Câmara de SP
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Prevent Senior da Câmara Municipal de São Paulo, diretores da rede hospitalar admitiram prescrição do kit Covid, como hidroxicloroquina e azitromicina, mas afirmaram que os médicos tinham autonomia para receitar ou não. Os medicamentos estavam amplamente disponíveis nos hospitais.
Nesta quinta-feira (3/3), a CPI deveria ter ouvido os donos da rede, Eduardo Parillo e Fernando Parrillo, mas eles informaram que estão com sintomas gripais e, por isso, não compareceram. Segundo o advogado deles, os dois viajaram juntos no Carnaval.
O diretor-executivo Pedro Benedito Batista Junior disse que “existe uma distância muito grande entre a operadora colocar à disposição [o medicamento] e o médico prescrevê-lo”, e falou que os médicos que acusaram a rede de pressioná-los a oferecer esses remédios foram afastados por outras razões.
“Eu entendo a necessidade de algumas vias quererem dizer ‘ah, a Prevent Senior forçava os médicos’. São mais de 3 mil médicos, não seria um ou dois insatisfeitos por algum dado ou alguma situação, ou se a vida pregressa de cada um deles fosse vasculhada igual a nossa foi, com certeza encontrariam motivos bem interessantes por que esses médicos foram afastados”, afirmou.
“O médico poderia ou não prescrever. Se foram prescritos 26 mil kits, nós temos 550 mil vidas, com mais de 50 mil testes positivos. Entre 26 mil kits e 50 mil testes positivos têm uma diferença grande entre prescrição e não prescrição, muitas vezes esse dado não foi dito. Para milhares de pacientes não foram prescritos”, acrescentou o diretor-executivo.
Já outro diretor-executivo, Sergio Lotze, disse que os médicos poderiam fazer exames cardíacos nos pacientes caso suspeitassem de algum risco antes de receitar esses remédios contra a Covid-19. “A Prevent Senior tem equipamentos, exames de imagem, e a gente sempre orientou que cada um desempenhasse sua atividade com segurança ao paciente, e sempre com autonomia”, falou.
A CPI da Prevent Senior foi instaurada em outubro do ano passado, como um dos desdobramentos da CPI da Covid-19 no Senado Federal. Ampla, a comissão possui diversas linhas de investigação, sendo uma delas as denúncias relacionadas ao uso de medicamentos sem comprovação para Covid e a possível subnotificação de casos e de óbitos pela doença. Outra frente consiste em verificar como os órgãos públicos agiram para fiscalizar a operadora.