Na CPI da Covid, governo quer indicar que os erros foram de Mandetta
Senadores governistas estão sendo munidos para afirmar que a má gestão quanto à pandemia é culpa do ex-ministro
atualizado
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São Paulo – A CPI da Covid-19, que se inicia nesta terça-feira (4/5), tem esquentado os ânimos em Brasília. Hoje, serão coletados depoimentos dos ex-ministros de Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Eles serão ouvidos a partir das 10h.
Conforme apontado pelo Estadão, o governo pretende culpar Mandetta quantos aos erros que levou ao descontrole da pandemia no Brasil. Para isso, o governo não tem despendido esforços para munir os senadores governistas com informações que possam apontar as possíveis falhas do ex-ministro.
As perguntas para Mandetta foram elaboradas com o apoio do ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.
Tudo indica que a estratégia seja afirmar que Mandetta foi responsável pela morte de inúmeros brasileiros, ao afirmar que as pessoas deveriam procurar atendimento médico somente se os sintomas da Covid-19 se agravassem.
Contudo, na ocasião, essa era a direção dada para se evitar o colapso do sistema de saúde.
Além de tudo, uma das preocupações dos integrantes da CPI, independentes ou governistas, é que Mandetta utilize a CPI como palanque para a sua campanha à presidência do país. Há até quem queria abreviar a sessão para evitar o uso político dela.
“É importante o questionamento à gestão dele. Não vai ser, digamos, nenhuma inquisição, mas também não vai ser um negócio para se jogar flores”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).
O outro lado
Para senadores não governistas, a estratégia é apontar, por meio dos depoimentos dos ex-ministros, que a última palavra quanto à pandemia veio diretamente de Jair Bolsonaro.
Na quarta (5/5), será a vez de ouvir o general Eduardo Pazuello, depoimento que preocupa o governo federal. O general, que deixou o ministério em março, afirmando que havia corrupção na pasta, está sendo treinado para aguentar a pressão no senado.
O relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), demonstrou que as coisas não serão fáceis para o general.
“Guerras se enfrentam com especialistas, sejam elas bélicas ou sanitárias. A diretriz é clara: militares nos quartéis e médicos na saúde. Quando se inverte, a morte é certa”, disse Renan.