Muzema: Justiça decreta prisão dos acusados de vender apartamentos
Ao todo, 20 pessoas morreram. Bombeiros ainda buscam três desaparecidos. Área dos prédios é comandada por milicianos
atualizado
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Oito dias após o desabamento de dois prédios na Muzema, zona oeste do Rio de Janeiro, a Justiça fluminense decretou a prisão de três suspeitos de construir os edifícios irregulares. José Bezerra de Lima, Renato Ribeiro e Rafael Gomes da Costa são suspeitos de vender apartamentos na região. Na tragédia, 20 pessoas morreram e três continuam desaparecidas.
O pedido de prisão foi aceito pelo plantão judiciário. Segundo a delegada responsável pelo caso, Adriana Belém, não há dúvidas de que os acusados são os responsáveis pelos prédios irregulares. Eles são considerados foragidos. Os outros dois investigados são suspeitos de participarem na venda dos apartamentos.
“Ontem foi o nosso primeiro contato com as vítimas que atenderam aos nossos apelos. Certamente, por motivos óbvios, apresentavam certa resistência. Mas, também por motivos óbvios buscaram na Polícia Civil um certo conforto e reconheceram [os suspeitos]”, disse ao RJTV, da Rede Globo.
As estruturas que vieram abaixo tinham entre quatro e seis andares e, segundo a Prefeitura do Rio, são construções irregulares. Há informações de que tanto a região quanto os prédios que desabaram são controlados pela milícia.
Segundo a prefeitura, os prédios “eram construções não autorizadas pelos órgãos municipais”. Em nota, o governo municipal informou que os edifícios estavam interditados desde novembro de 2018.
A região das construções – que inclui outros edifícios – é uma área de proteção ambiental (APA) que só permite casas. “Na Muzema, as construções não obedecem aos parâmetros de edificações estabelecidos, como afastamento frontal, gabarito, ocupação, número de unidades e de vagas”, destaca o governo carioca.
O Corpo de Bombeiros completou oito dias de buscas por corpos e sobreviventes do desabamento. Eles trabalham com a perspectiva de encontrar mais três corpos de pessoas desaparecidas. Cerca de 100 homens participam dos trabalhos. O último corpo resgatado foi encontrado nessa quinta-feira (18/04/19).
Essa é a segunda decisão judicial sobre o caso. A Justiça do Rio aceitou, na última segunda-feira (15/04/19), pedido do Ministério Público estadual determinando a suspensão de qualquer movimento de terras e impedindo a realização de obras e novas construções no Condomínio Figueiras do Itanhangá, na Muzema.