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Músico conta como resgatou crianças queimadas em creche de Janaúba

Armando Júnior entrou na creche para tentar apagar o fogo e usou o próprio carro para transportar vitimas para o hospital na cidade mineira

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Divulgação/Secom Samu (MG)
Creche Janaúba 7
1 de 1 Creche Janaúba 7 - Foto: Divulgação/Secom Samu (MG)

O músico Armando Júnior, de 25 anos, tinha ido até a porta de casa pegar uma correspondência na manhã desta quinta-feira (5/10), quando ouviu uma viatura da Polícia Militar entrar na rua onde mora em alta velocidade. A urgência logo foi revelada por uma vizinha, que gritou desesperada: “Juninho, pelo amor de Deus, ajuda que está pegando fogo lá na creche”.

Vizinho da creche em que um vigia ateou fogo matando sete pessoas em Janaúba, Minas Gerais, Júnior invadiu a unidade em chamas na tentativa de salvar vidas. “A gente (outros quatro homens e dois PMs) tentou apagar o fogo, mas tava muito alto e tinha material inflamável. Vi que tinham muitas crianças queimadas fora da creche, chorando. Coloquei elas no meu carro e corri para o hospital”, contou.

O músico levou alunos da creche para o hospital mais próximo e depois passou toda a tarde dando assistência a familiares das vítimas. Além dos cinco mortos, todos com 4 anos de idade, 26 crianças e quatro adultos ficaram feridos. O vigia Damião Soares dos Santos, de 50 anos, também morreu. “Não tenho palavras para descrever o que foi esse dia. Simplesmente acordei e quando fui lá vi aquela cena horrorosa”.

Pai de um casal de 2 e 3 anos de idade que frequentam outra creche, Júnior se disse chocado com a tragédia envolvendo crianças a 100 metros de sua casa e que conhecia o vigia da creche de vista. “Não dá pra chamar de vigia, pelo amor de Deus. É um monstro. Imagina crianças de 3, 4 anos de idade queimadas, gritando de dor. É uma coisa absurda”, relatou.

Depois de ter resgatado as crianças, ele postou vídeos nas redes sociais falando do salvamento e das ajudas das vítimas, compartilhou pedido de doação de medicamentos para o Hospital Regional de Janaúba e um texto de autoria desconhecida sobre a tragédia: “Morri em Janaúba hoje. Quem não morreu? Morri no Centro Educacional Infantil Gente Inocente . A fumaça nunca foi tão negra em Minas Gerais. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 05 de Outubro de 2017”, diz o primeiro parágrafo.

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