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Museu do Ipiranga: a delicada restauração de duas obras icônicas

“Independência ou Morte” e “Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro” foram restaurados para a reabertura do museu, em setembro

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José Rosael/Secretaria de Cultura
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1 de 1 20191104-001JoséRosael (1)_Easy-Resize.com - Foto: José Rosael/Secretaria de Cultura

São Paulo – Em setembro, o Museu do Ipiranga, em São Paulo, reabre ao público após quase uma década fechado. Os visitantes poderão rever – ou ver pela primeira vez – obras icônicas que retratam o período colonial e os primórdios da independência do país.

“Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500”, de Oscar Pereira da Silva, e “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, imagens amplamente reproduzidas em livros didáticos nas escolas, tiveram um cuidado especial na restauração, que contou com a ajuda de empresas especializadas e profissionais de química e física da Universidade de São Paulo (USP).

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Antes da restauração, a pintura estava assim.
Restauração do quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo.
Restauração do quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo.
Museu do Ipiranga está fechado há nove anos, e passou por grandes reformas porque sua estrutura estava comprometida e o prédio corria risco de desabar.
O Museu do Ipiranga será reaberto em 7 de setembro.
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Pintura foi restaurada sem ser retirada da parede, já que tem mais de 7 metros de comprimento, e também porque sua estrutura ainda está em bom estado de conservação.

José Rosael/Secretaria de Cultura
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Antes da restauração, a pintura estava assim.

Christie's Paris/Divulgação
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Restauração do quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo.

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Restauração do quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo.

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Museu do Ipiranga está fechado há nove anos, e passou por grandes reformas porque sua estrutura estava comprometida e o prédio corria risco de desabar.

Governo do estado de São Paulo
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O Museu do Ipiranga será reaberto em 7 de setembro.

Governo do estado de São Paulo

A pintura “Desembarque de Pedro Álvares Cabral” é de 1900 e tem 3,73m de largura e 2,31m de altura, com moldura. Mesmo com todo este tamanho, ela precisou ser removida da parede e levada para uma restauradora externa, onde passou por uma renovação completa.

Yara Petrella, restauradora do Museu do Ipiranga que comandou a operação, explica ao Metrópoles que foi reformada tanto a pintura quanto a moldura, que, neste caso, estava bastante desgastada.

“Foi retirada a retelagem antiga, na qual foi utilizado um adesivo de cera de abelha. A tela foi toda limpa, retiradas as intervenções anteriores, todo o verniz, as sujidades. Ela ficou realmente muito bonita com as cores originais, livre de toda intervenção passada. Foi montada num novo chassi e a moldura acabou totalmente restaurada, porque havia muitos danos”, conta.

Os responsáveis pela restauração – acompanhada por Yara – foram Raul Carvalho, que cuidou da tela, e Júlio Moraes, que cuidou da moldura. A obra foi fixada na parede do museu nessa segunda-feira (13/6).

Independência ou Morte

Já o quadro “Independência ou Morte” nunca saiu da parede onde está fixado, porque mover a peça exigiria uma operação complexa, que poderia causar danos à estrutura. Afinal, a obra de Pedro Américo tem dimensões extraordinárias: 4,15m de altura e 7,60m de comprimento.

Yara conta que a moldura tinha alguns ornamentos perdidos, mas a madeira está em bom estado. “Não tem empenamento, nem torção. Seria uma intervenção bastante agressiva para a moldura para retirar aquela tela daquele tamanho da parede. E a gente não tem conhecimento exato de como ela foi fixada”, explica.

Ela conta que a restauração teve como foco melhorar a pintura, principalmente na parte do céu, com cores distorcidas por conta de intervenções passadas. A última reforma neste quadro ocorreu em 1972, segundo registros do museu.

“A camada pictórica estava bastante alterada. Começamos fazendo uma pesquisa documental para ver o histórico de conservação desta tela, as intervenções anteriores. Utilizamos fotografias com luz ultravioleta, que é fotografar a tela em sala escura com a luz ultravioleta. O resultado identifica as intervenções que ocorreram na camada pictórica, na tinta”, detalha.

Assim, o trabalho foi focado em fazer uma limpeza dessas intervenções, um processo acompanhado com cuidado pela física Marcia Rizzutto e pela química Isabela Sodré, ambas da USP, que faziam exames para conhecer mais detalhes da pintura e todas as suas transformações ao longo dos anos.

Este quadro está praticamente pronto, faltando apenas uma aplicação final de verniz. Segundo Yara, o resultado ficou muito satisfatório.

“O céu estava coberto por cores alteradas, o verniz estava escurecido, havia muitas sujidades porque ficamos vários anos sem fazer uma limpeza adequada na pintura”, comenta. “Agora, as cores estão reavivadas no estado que elas podem estar hoje. Todos os materiais envelhecem, a tinta também envelheceu, lógico, mas as cores ainda permanecem muito vivas. Está muito bonita para ser apreciada pelo público.”

A restauração do Museu do Ipiranga, administrado pela USP, teve início em 2019, e as obras no edifício-monumento, o prédio principal, foram concluídas em abril. As obras no edifício anexo de serviços e no jardim francês, por outro lado, estão em fase final. 

O museu será aberto para visitação em 7 de setembro, com 12 exposições inaugurais, e o Festival do Bicentenário da Independência.  Ao todo, a restauração custou R$ 211 milhões, pagos tanto com recursos do governo paulista e da União (via Lei Rouanet) quanto por patrocinadores privados.

Além das áreas para exposições fixas, o endereço contará com um auditório para 200 pessoas, café, loja e sala de exposição temporária, e dobrará de espaço em relação ao original. O local está fechado desde 2013.

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