Museu da Língua Portuguesa escreve “todes” e Mario Frias reage: “Não aceitarei”
Reaberta cinco anos após um incêndio, a instituição usou a palavra neutra no Twitter
atualizado
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O secretário especial de Cultura do Governo Federal, Mario Frias, usou as redes sociais, nesta sexta-feira (23/7), para atacar um tuíte feito pelo Museu Nacional da Língua Portuguesa. O motivo: o uso de “todes” em uma postagem feita pelo governo paulista.
“Nesta nova fase do MLP, a vírgula – uma pausa ligeira, respiro – representa o recomeço de um espaço aberto à reflexão, inclusão e um chamamento para todas, todos e todes os falantes, ou não, do nosso idioma: venham, voltamos! #31JulhoMLP”, escreveu a fundação pela rede social do passarinho.
Em tom crítico, Frias afirmou que não irá aceitar que o investimento de R$ 56 milhões, desembolsado pelo governo federal para obras do Museu da Língua Portuguesa, “sirva para que agentes públicos brinquem de revolução”.
Veja o post:
O Governo Federal investiu 56 milhões de reais nas obras do Museu da Língua Portuguesa, para preservarmos o nosso patrimônio cultural, que depende da preservação da nossa língua. Não aceitarei que esse investimento sirva para que agentes públicos brinquem de revolução. pic.twitter.com/mqI0f1So9X
— MarioFrias (@mfriasoficial) July 23, 2021
Na sequência, o ator ataca diretamente o governo paulista, que “se comporta como militante, vandalizando nossa cultura”, segundo o gestor federal.
Tomarei medidas para impedir que usem o dinheiro público federal para suas piruetas ideológicas. Se o governo paulista se comporta como militante, vandalizando nossa cultura, não o fará com verba federal.
— MarioFrias (@mfriasoficial) July 23, 2021
Em nota, a entidade se pronunciou sobre o assunto. “Desde sua fundação, em 2006, o Museu da Língua Portuguesa se propôs a ser um espaço para a discussão do idioma, suas variações e mudanças incorporadas ao longo do tempo. Sempre na perspectiva de valorizar os falares do cotidiano e observar como eles se relacionam com aspectos socioculturais, sem a pretensão de atuar como instância normatizadora. Nesse sentido, o Museu está aberto a debater todas as questões relacionadas à língua portuguesa, incluindo a linguagem neutra, cuja discussão toca aspectos importantes sobre cidadania, inclusão e diversidade.”
Linguagem neutra
A linguagem neutra discute o uso de vogais que designam o gênero das palavras. A proposta, levantada por muitos, é substituir as vogais “a” e “o” por “x” ou “@” – o que resultaria em vocábulos como “meninxs”, “menines” ou “menin@s”.
A reconstrução
Cinco anos depois de um incêndio, o Museu da Língua Portuguesa reabriu suas portas.
A reconstrução do espaço foi iniciada em março de 2017, durou mais de três anos e foi entregue em dezembro de 2019. A recuperação uniu as iniciativas pública e privada, em convênio do governo do estado de São Paulo, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, EDP, Grupo Globo, Grupo Itaú e Sabesp, como patrocinadores.
No total, R$ 84 milhões foram investidos para recuperar o Museu da Língua Portuguesa.