Mulheres vítimas de violência ganham casa de apoio em São Paulo
A residência exclusiva para mulheres foi construída em uma fábrica desativada há 20 anos na região central de São Paulo, diz coordenadora
atualizado
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São Paulo – A cidade de São Paulo ganhou nesta quarta-feira (27/1) uma casa de apoio para mulheres vítimas de violência. Encabeçada pelo Movimento de Mulheres Olga Benário, a iniciativa leva para o centro da capital um espaço para mulheres receberem acolhimento.
A Casa de Referência da Mulher Laudelina de Campos Melo foi erguida no bairro do Canindé, em um terreno abandonado há 20 anos, afirma a coordenadora do local, Dany Oliveira. O nome do espaço homenageia Laudelina de Campos Melo, empregada doméstica negra responsável pela criação do primeiro sindicato dessas profissionais no Brasil.
De acordo com Dany, a casa oferecerá serviços de psicologia, advocacia e assistência social. O horário de funcionamento ainda será definido, mas a abertura está programa para segunda-feira (1º/2). “Nós tomamos a decisão de construir uma casa em São Paulo depois de ter acompanhado o desmonte que o Estado tem feito no município no que diz respeito ao acolhimento a mulheres vítimas de violência. Não há serviço público de qualidade”, ela afirma ao Metrópoles.
O dono do imóvel deve mais de R$ 300 mil de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) desde 1998, informa a Prefeitura.
Para a coordenadora, além de receberem as mulheres, é necessário apresentar a elas o que é chamado de “formação política”. Em outras palavras, as voluntárias da casa conversam com as vítimas a fim de transmitir a mensagem de que elas “não são culpadas” e que fazem parte de um sistema “machista e patriarcal”.
Dessa maneira, a casa de São Paulo é a primeira instalada na capital. O Movimento Olga Benário tem outras residências fixas em Mauá (SP), Belo Horizonte e Porto Alegre, todas em áreas de ocupação.
Embora ainda não tenha iniciado as atividades, a Casa Laudelina já está aberta para visitação. As voluntárias realizam um trabalho boca a boca no bairro para que a população conheça e indique o lugar. “As mulheres [atendidas] saem mais segura de si, determinadas e dispostas a construírem uma vida nova. E entendem que a culpa da violência não é delas”, garante Dany.
Atuar com a prefeitura
Por se tratar de um terreno ocupado, o movimento feminista terá de travar um embate junto à Prefeitura para poder atuar de maneira legalizada. Na manhã desta quarta, policiais militares visitaram a casa e fizeram o recolhimento de informações sobre a ação do grupo.
Por isso, a ideia é dialogar com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) e a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento (SMADS) para que consigam manter o edifício aberto.
Dany também conta com o apoio dos moradores para reivindicar a pauta. “Nós queremos que o espaço seja cedido pela prefeitura, que possamos oferecer o serviço. O que pedimos é que o estado banque [as contas] de água e luz”, afirma a coordenadora. A Casa Laudelina pede doação de dinheiro e mantimentos para se manter ativa.