Mulheres reclamam de demora durante revista para entrar na Esplanada
Manifestantes presentes relataram demora para serem revistadas. De acordo com a PM, apenas 10% dos agentes presentes na posse são mulheres
atualizado
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Brasília – Eleitoras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestaram indignação com o andamento da fila feminina para assistir à cerimônia da posse presidencial do petista, em Brasília, neste domingo (1º/1). Com gritos organizados, elas pediram por mais policiais mulheres na revista policial para entrar na Esplanada.
“Cheguei aqui por volta das 8h, junto com o meu marido e o meu filho. Nos separaram em duas filas, uma de homens, outra de mulheres. Eles já estão lá dentro, mas eu e minha filha estamos praticamente no mesmo lugar desde que chegamos”, relatou Djenane Cunha, 48 anos, que veio do interior de São Paulo para participar do momento. Às 9h20, ela e a filha ainda estavam longe da entrada.
Veja vídeo:
De acordo com a pernambucana Ana Paula Saraiva, 48 anos, a dificuldade na fila se dava, principalmente, pela falta de agentes femininas durante a revista. “Acho isso uma falta de respeito. Ainda mais com nós, mulheres nordestinas, que fomos peça-chave para a eleição deste ano”, opinou Ana, enquanto falava ao telefone com o filho, que já havia sido revistado e entrado na praça dos Três Poderes.
Déficit de mulheres
Questionada sobre a demora, a Polícia Militar informou que existe um déficit de policiais mulheres dentro da equipe. Em números proporcionais, para cada 10 agentes presentes na revista, apenas uma é mulher. Mesmo assim, a PM reforçou que 100% do efetivo policial trabalha na segurança da cerimônia de posse deste domingo.
Para garantir segurança e conforto durante as revistas, o recomendado é que cada pessoa passe pela vistoria de um policial do gênero correspondente. Os agentes mencionaram que já haviam recebido a notícia da insatisfação das manifestantes presentes, mas não relataram um plano para resolver a situação.
“Está vendo? É uma questão estrutural. Até aqui estamos sendo privadas de participar de um momento histórico”, desabafou a paulista Érika Malavazzi, 44 anos.
“Fura-fila”
Para burlar a demora, algumas das manifestantes optaram por entrar na fila masculina. Ao chegar na revista, elas eram redirecionadas para as policiais femininas, o que as demais presentes encararam como “fura-filas”.
“A gente fica triste de ver isso, né? Era pra ter um sentimento de união, não de trapaça assim. A gente entende a situação, está chata, mas assim não é legal”, falou a maranhense Ana Soares, 46 anos, que observava de longe algumas mulheres na fila do gênero oposto.