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Mulheres acusam médium João de Deus de abuso sexual. Confira relatos

Durante programa de Pedro Bial, elas disseram ter sido induzidas a fazer sexo durante consulta: “Se não fizer, sua doença vai voltar”

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Paris Filmes/Divulgação
JOÃO DE DEUS – O SILÊNCIO É UMA PRECE
1 de 1 JOÃO DE DEUS – O SILÊNCIO É UMA PRECE - Foto: Paris Filmes/Divulgação

O programa Conversa com Bial, comandado pelo jornalista Pedro Bial na Rede Globo, exibiu, na  madrugada deste sábado (8/12), depoimentos de mulheres que afirmam ter sido abusadas por João Teixeira de Faria, ou João de Deus. Há mais de 40 anos, o médium faz atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, município goiano localizado a pouco mais de 100km de Brasília. Conhecido mundialmente, ele é acusado de crimes sexuais por pelo menos 10 vítimas.

Com medo de uma possível “retaliação espiritual”, apenas uma se dispôs a mostrar o rosto. Todas, porém, deram depoimentos chocantes. Uma afirmou: “Ele pegava na minha mão e fazia eu pegar no pênis dele. Ele falava: ‘Você é forte, corajosa. O que está fazendo tem um valor enorme. Põe a mão, isso é uma limpeza”.

Reprodução/TV Globo
Coreógrafa holandesa foi a única que se dispôs a mostrar o rosto

A mesma vítima disse que, pouco depois, apesar das recusas, João de Deus foi mais além e pediu para que ela fizesse sexo oral nele. Outra mulher afirmou que, de repente, sentiu o “membro dele nas nádegas. Comecei a chorar, a ficar desesperada. Só pensava: Como vou sair daqui”.

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No total, o apresentador Pedro Bial e a repórter Camila Appel ouviram, individualmente, relatos de 10 pessoas com histórias parecidas. Por questões de tempo, a direção exibiu apenas quatro desses depoimentos. As brasileiras que aparecem no programa não quiseram se identificar por medo e vergonha.

A única que se dispôs a mostrar o rosto foi a coreógrafa holandesa Zahira Lieneke Mous. Ela conversou com Bial pela internet e, depois, no estúdio do programa. Acostumada a visitar o Brasil desde os 17 anos – por causa de um tio que mora em Minas Gerais –, ela ouviu falar de João de Deus pela primeira vez em 2014. Precisando de ajuda espiritual e com traumas causados por um abuso sexual no passado, pesquisou tudo sobre o médium antes de visitar a Casa Dom Inácio de Loyola.

Zahira afirmou ter presenciado milagres e curas no local, onde foi treinada por João de Deus e atuou como sua assistente em cirurgias físicas. Descreveu o escritório do médium como um “cenário bizarro”. “Você, de certa forma, se sente especial, acha que vai receber a cura.” Contou, porém, ter sido abusada por João de Deus durante consulta nesse escritório. O cômodo, segundo ela, conta com um banheiro enorme, onde cabe um sofá. Levada para o local, ficou sem reação quando o acusado a colocou de joelhos de frente para ele.

“Abriu a calça, colocou a minha mão no pênis dele e começou a movimentar a minha mão. Estava em choque. Enquanto isso, ele continuava falando da minha família e disse que eu deveria sorrir. Depois, ele se limpou, me levou ao escritório, abriu um armário de pedras preciosas e mandou escolher a que eu mais gostasse”, disse.

Dias depois, ela afirma que João de Deus a puxou de novo para o banheiro. “Um padrão parecido, mas ele deu um passo adiante: me penetrou por trás”, disse a Pedro Bial. Zahira passou quatro anos negando a si mesma o que tinha acontecido em Abadiânia, até que decidiu contar sua história em uma rede social. “Eu realmente espero poder ajudar outras mulheres a saírem desta sombra. Não precisamos sentir vergonha. Ele precisa ter vergonha”, ressaltou ao apresentador.

A holandesa comentou as críticas que tem recebido por ter ficado em silêncio por tanto tempo e revelou o motivo que a levou a fazer a denúncia só agora. “Se fosse só eu, eu que engula, porque ele está curando milhares de pessoas, certo? Mas agora eu sei que ele está abusando de centenas de mulheres e meninas”, frisou.

João de Deus é um médium famoso em todo o mundo. Mensalmente, 10 mil pessoas são atendidas na Casa Dom Inácio, em Abadiânia – a maioria, estrangeiros. Ele recebe também muitas celebridades, como a apresentadora de TV americana Oprah Winfrey, que fez entrevista com o médium em 2012. “Foi uma experiência muito forte”, disse, na ocasião.

Ao programa Conversa com Bial, a assessoria de João de Deus encaminhou a seguinte nota: “Há 44 anos, João de Deus atende milhares de pessoas em Abadiânia, praticando o bem por meio de tratamentos espirituais. Apesar de não ter sido informado dos detalhes da reportagem, ele rechaça veementemente qualquer prática imprópria em seus atendimentos”.

Confira algumas frases ditas pelas entrevistadas do programa Conversa com Bial:

“Ele disse que sabia que eu estava lá pelo divórcio, que ia fazer uma limpeza energética em mim. Que eu precisava daquela energia que só viria daquela maneira. Quarenta e cinco dias depois, voltei sozinha e a entidade me pediu para ir vê-lo novamente. Fez tudo de novo”, contou uma das vítimas.

“Senti o membro dele nas minhas nádegas, ele comprimindo meu corpo. Comecei a chorar e pensava: ‘Como vou sair daqui?’”, disse a mesma vítima.

“Ouvi um grito de socorro e entrei. Ele pediu para eu fechar os olhos e sentar. Vi que ele estava com as calças abertas, ela ajoelhada e ele com uma toalha no ombro. Ela não queria fazer sexo oral nele, foi por isso que gritou. Sentei no sofá e fechei os olhos, porque estava doutrinada a achar que tudo era divino e especial. Ela gritou de novo, eu abri os olhos e ele parou”, Amy Biank, coach espiritual.

“Abriu a calça, colocou a minha mão no pênis dele e começou a movimentar a minha mão. Estava em choque. Enquanto isso, ele continuava falando da minha família e disse que eu deveria sorrir. Depois, ele se limpou, me levou ao escritório, abriu um armário de pedras preciosas e mandou escolher a que eu mais gostasse”, ressaltou a coreógrafa holandesa Zahira Lienike Mous.

“Ele dizia: ‘Se você não fizer o que eu estou falando, a sua doença vai voltar'”, disse uma das brasileiras que não quis se identificar.

“Há 44 anos, João de Deus atende milhares de pessoas em Abadiânia, praticando o bem por meio de tratamentos espirituais. Apesar de não ter sido informado dos detalhes da reportagem, ele rechaça veementemente qualquer prática imprópria em seus atendimentos” (nota da assessoria de João de Deus).

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