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Mulher pisoteada no pescoço por policial vive sob medo de represálias

Vítima foi acusada de quatro delitos: “Ela carrega um trauma muito sério”, diz advogado; agentes respondem em liberdade

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1 de 1 mulher-vítima-violencia-policial - Foto: Reprodução/TV Globo

São Paulo – Vítima de agressões por parte de dois policiais militares no ano passado, uma mulher negra de 52 anos foi denunciada na terça-feira (19/10) por quatro crimes contra os agentes: infração de medida sanitária preventiva, desacato, resistência e lesão corporal. O documento é assinado pela promotora Flavia Lias Sgobi, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que ofereceu a denúncia à 2ª Vara Criminal do Foro Regional de Santo Amaro.

O advogado da mulher agredida, Felipe Morandini, relatou ao Metrópoles que, desde o episódio, ela possui dificuldades para conseguir emprego e tem medo de qualquer viatura que se aproxima na rua, por receio de se tornar novamente vítima de violência.

“Ela carrega um trauma muito sério, além da questão da vida financeira. Não conseguiu reabrir seu bar, não é contratada em nenhum emprego por medo de represálias e vive de ajuda dos filhos. É uma situação realmente complicada. Creio que vai ficar ainda mais difícil com essa ação penal”, diz o defensor.

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Promotora Flavia Lias Sgobi se ancorou na versão dos agentes
PMs são réus na Justiça Militar
Mulher vítima de violência policial em SP é denunciada por quatro crimes
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Ela foi pisoteada no pescoço por um policial militar durante abordagem na zona sul da capital

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Promotora Flavia Lias Sgobi se ancorou na versão dos agentes

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PMs são réus na Justiça Militar

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Mulher vítima de violência policial em SP é denunciada por quatro crimes

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O caso ocorreu em 30/5/2020 no bairro Parelheiros, na zona sul de São Paulo, e ficou conhecido após a divulgação de vídeos pelo programa Fantástico, da TV Globo. Nas imagens, é possível ver que um dos agentes pressiona o pescoço da comerciante com um dos pés durante a abordagem. A moça acabou com uma fratura na perna e precisou ser levada ao Hospital Municipal do Grajaú, também na zona sul.

O Metrópoles teve acesso à denúncia da promotora Flavia Lias Sgobi. O documento é embasado na versão dos policiais, enquadrados como testemunhas e vítimas de quatro crimes. Em entrevista à reportagem, o advogado Felipe Morandini sustentou que a denúncia do MPSP foi uma cópia do auto de prisão em flagrante do caso.

“Ela simplesmente ignorou tudo que foi noticiado durante todo esse tempo e, infelizmente, copiou e colou o que constava no boletim de ocorrência. A versão dos policiais já foi até desmentida. Eles estão sendo processados na Justiça Militar, e um dos crimes é justamente o de falsidade ideológica. Então me parece que ela se ateve àquilo que estava no boletim e ignorou todo o resto da situação”, disse Felipe.

O profissional classificou a denúncia como “leviana” e afirmou que espera que o documento seja rejeitado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Caso isso não aconteça, ele vai elaborar a defesa.

“Eu estou incrédulo até este momento. A denúncia é estapafúrdia, um absurdo. Não existe qualquer elemento que a justifique. Se a gente considerar que o único elemento que há naquele inquérito é o depoimento dos policiais, que já foi desmentido inclusive em rede mundial, a denúncia não tem justa causa. Não se pode sair denunciando qualquer pessoa sem um conjunto mínimo de indícios da existência e da autoria do crime. Neste caso, não há”, finalizou.

Ministério Público

Em nota enviada pelo MPSP, a promotora Flavia Lias Sgobi declarou que a denúncia foi baseada em “elementos trazidos ao conhecimento do Ministério Público pela autoridade policial”. Disse também que “na fase processual, com direito à ampla defesa, os fatos apurados durante a investigação serão devidamente esclarecidos”.

O TJSP informou que “não emite nota sobre questão jurisdicional”, e que “os autos aguardam decisão sobre o recebimento ou não dessa denúncia”.

Os dois policiais da ação são réus na Justiça Militar por lesão corporal, abuso de autoridade, inobservância de regulamento e falsidade ideológica, por terem mentido em depoimento prestado no 101º DP (Jardim das Imbuias).

Lá, eles contaram que foram até o local após receberem a informação de que um estabelecimento comercial estaria descumprindo o decreto que impôs a quarentena no estado em meio à pandemia da Covid-19. Relataram que acabaram desacatados e atingidos por uma barra de ferro e um rodo por uma mulher (a dona do bar) e dois homens (clientes). A corporação afastou os dois homens das ruas até o fim das investigações.

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