metropoles.com

“Pelo amor de Deus, padre, se cubra”: vítima conta como padre Airton a atacou

Criador da Fundação Terra, padre Airton Freire enfrenta 5 inquéritos por abuso sexual. Preso desde 14 de julho, ele está internado após AVC

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação
Imagem colorida de padre Airton Freire - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de padre Airton Freire - Metrópoles - Foto: Divulgação

Mais uma denúncia de abuso sexual contra o padre Airton Freire, 67 anos, criador da Fundação Terra, em Arcoverde, Pernambuco, ganhou repercussão nesta segunda-feira (24/7). Preso preventivamente desde 14 de julho, o sacerdote segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Memorial Arcoverde, com princípio de acidente vascular cerebral”. Ele responde cinco inquéritos e, desta vez, uma mulher afirmou que foi estuprada, durante um retiro, depois de ter sido levada por um funcionário até uma casa, onde o sacerdote dormia.

A vítima do suposto estupro, que não quis ser identificada, expôs o crime à TV Globo dois meses após a personal stylist Silvia Tavares denunciar um abuso sexual cometido pelo motorista do padre, Jailson Leonardo da Silva, a pedido do próprio Airton Freire.

Segundo relatos da mulher, Airton pediu para ela massageá-lo. A suposta vítima disse à emissora que, ao chegar à “casinha”, como o lugar era chamado, o padre estava sem roupa e começou a se masturbar.

“Eu disse: ‘Padre, pelo amor de Deus, padre, se vista, se cubra, padre… Meu Deus, o que é que está acontecendo aqui?’ O capanga disse o seguinte: ‘Olha, o que acontecer aqui vai ficar aqui. Você pode fazer o que você quiser com a gente, que vai ficar aqui’. Aí, o padre começou a se masturbar. Rindo”, relatou a vítima.

Depois de escapar do quarto, a mulher entrou em contato com uma amiga e disse que iria revelar o estupro para todos presentes no retiro. No entanto, a colega aconselhou que ela ficasse no quarto e não falasse nada até conseguir ir embora “porque você está dentro da casa dele. Ele pode dar fim à sua vida, e ninguém nunca vai saber”. “Essa amiga salvou a minha vida”, disse.

A vítima contou que foi apresentada ao Padre Airton por uma amiga há mais de 10 anos e virou frequentadora assídua dos retiros da Fundação Terra. Mas, ela afirma que por acreditar tanto no religioso que “dói a cegueira”.

Uma semana após a suspeita de estupro da personal stylist vir a tona, o padre Airton pediu afastamento da presidência da instituição. Por decisão da Diocese de Pesqueira (PE), ele também foi impedido de realizar celebrações e administrar qualquer sacramento católico.

O que diz o acusado

Em nota enviada ao Metrópoles, os advogados do padre Airton Freire informam que o acusado declara-se “inocente” das acusações de abuso sexual. Eles alegam que o sacerdote “foi alvo de uma tentativa de extorsão de uma das supostas vítimas”.

A defesa do padre Airton disse que ainda não teve acesso a todos os autos de investigação e, portanto, “usará de todos os esforços para garantir ao sacerdote o direito ao habeas corpus“.

O pronunciamento reitera que o religioso “manteve-se isolado e jamais incentivou manifestações ou atos que prejudicassem as investigações” e “apresentou-se espontaneamente às autoridades quando da decretação da prisão preventiva”.

De acordo com a defesa do padre, não há motivos para o sacerdote permanecer preso e, além disso, considera a detenção um “espetáculo midiático”. Eles afirmam que, além de não atrapalhar as investigações, Airton não põe em risco as supostas vítimas.

“A prisão preventiva é arbitrária e só faz sentido para criar um espetáculo midiático de condenação sumária e precipitada, com o objetivo de constranger os juízes do processo, destruindo a reputação de uma pessoa que, pela lei, deve ter garantida a presunção de inocência”, diz trecho de nota.

Leia o pronunciamento da defesa do padre Airton na íntegra:

O padre Airton Freire reitera ser inocente das acusações e foi alvo de uma tentativa de extorsão de uma das supostas vítimas, cujo nome será preservado em respeito ao sigilo judicial. A defesa do padre Airton Freire não teve acesso à totalidade dos autos de investigação e, portanto, usará de todos os esforços para garantir ao sacerdote o direito ao habeas corpus.

Negar ao religioso o direito de responder em liberdade contraria todas as previsões da legislação brasileira e até do direito internacional.

Airton Freire é um homem de 67 anos com sérias restrições de saúde. Desde que começou a ser alvo das acusações que refuta, afastou-se das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra, onde desenvolveu um trabalho social que atendeu milhares de pessoas nos últimos 40 anos. Além disso, manteve-se isolado e jamais incentivou manifestações ou atos que prejudicassem as investigações, apesar de receber o apoio voluntário de milhares de fiéis. E, por último, apresentou-se espontaneamente às autoridades quando da decretação da prisão preventiva.

Os pré-requisitos legais para mantê-lo no cárcere, portanto, não existem. Além de não atrapalhar as investigações, não houve coação de testemunhas nem há perigo de eventuais práticas criminosas que possam pôr em risco as supostas vítimas. Os relatos levados às autoridades policiais remetem a supostos episódios de quase um ano atrás ou mais antigos, não sendo recentes para justificar uma prisão.

A prisão preventiva é arbitrária e só faz sentido para criar um espetáculo midiático de condenação sumária e precipitada, com o objetivo de constranger os juízes do processo, destruindo a reputação de uma pessoa que, pela lei, deve ter garantida a presunção de inocência.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?