Mulher de Funaro confirma à PF “pressão” de Geddel para evitar delação
O ex-ministro da Secretaria de Governo está preso em Brasília, sob acusação de tentar obstruir a Operação Lava Jato
atualizado
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A mulher do corretor e operador financeiro do PMDB Lúcio Bolonha Funaro, Raquel Pitta, confirmou, em depoimento à Polícia Federal, que recebeu ligações telefônicas do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima nas quais teria sido “pressionada”.
A suposta pressão exercida por Geddel — que está preso — teria como objetivo evitar que o marido de Raquel fizesse um acordo de delação premiada. Este foi o principal argumento usado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, para autorizar a prisão do ex-ministro.
Geddel foi preso sob acusação de tentar obstruir a Operação Lava Jato. Depois, foi transferido da Superintendência da PF, em Brasília, para a penitenciária da Papuda.
O depoimento de Raquel, prestado na sexta-feira (7/7), foi solicitado por Vallisney de Souza na audiência de custódia realizada na quinta-feira (6), em que manteve a prisão preventiva de Geddel. “Não tenho elemento para dizer nesse momento que não há indício de crime. Desse modo eu mantenho aqui o que coloquei na decisão de que há indícios de autoria e materialidade quanto a Geddel”, afirmou o juiz Vallisney ao manter o ex-ministro na Papuda.Além do depoimento de Raquel, Vallisney também solicitou à PF uma perícia no aparelho celular no qual ela recebeu a ligação. O trabalho ainda não foi concluído pela corporação.
Na audiência de custódia, Geddel negou que pressionou a mulher de Funaro — que está preso. “Em nenhum instante, impossível alguém demonstrar. Em nenhuma circunstância”, defendeu-se o ex-ministro. Segundo Geddel, ele retornou uma ligação de Raquel Pitta que “ficou marcada em seu celular”. Ele reforçou que na conversa não houve qualquer tipo de pressão.
Indagado pelo procurador Anselmo Cordeio Lopes, o ex-ministro afirmou que ligou “mais de dez vezes” para a mulher de Funaro, mas que nunca perguntou “se ela estava recebendo dinheiro”.
Conversas
Bruno Espiñeira, advogado de Funaro, foi quem entregou à PF as cópias das telas do celular com as conversas entre Raquel e o ex-ministro de Temer. As conversas pelo aplicativo WhatsApp foram registradas em oito datas de 17 de maio a 1 de junho deste ano.
Ao decretar a prisão preventiva de Geddel, o juiz Vallisney de Souza disse que “é gravíssimo” o recente fato de o ex-ministro peemedebista ter entrado em contato telefônico com a mulher de Lúcio Funaro.