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Mudanças em leis de aborto deveriam passar por referendo, diz Queiroga

Declaração foi dada em audiência pública na Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre questões ligadas ao Ministério da Saúde

atualizado

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Marcelo queiroga
1 de 1 Marcelo queiroga - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu, nesta terça-feira (5/7), que mudanças na legislação brasileira sobre aborto deveriam passar por referendo popular. A declaração foi dada em audiência pública na Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre questões ligadas ao Ministério da Saúde.

Nas últimas semanas, após o caso da garota de 11 anos de idade  vítima de violência sexual ganhar repercussão, o debate sobre aborto e políticas de saúde materna e infantil do governo federal ficaram em destaque.

Nesta terça, o ministro reafirmou o discurso de que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) defende a vida “desde a sua concepção” e é contrária ao aborto.

No entanto, o gestor disse respeitar as exceções legais que autorizam o procedimento (estupro, risco de vida à mãe e anencefalia do feto).

“Uma mudança desse tipo, que tem relação direta com o direito à vida, cláusula pétrea da Constituição Federal, só pode ser decidida com referendo popular”, afirmou.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um prazo de cinco dias, a contar de sexta-feira (1º/7), para que o governo se manifeste a respeito do manual do Ministério da Saúde que é contrário à política de aborto legal.

O magistrado é relator de uma ação apresentada por quatro entidades de saúde contra iniciativas do governo relacionadas ao tema. Em cartilha divulgada no fim de junho, a pasta defendeu que “todo aborto é um crime”.

Os grupos pedem que o STF impeça que o governo e decisões judiciais possam restringir o aborto legal para gestações de até vinte e duas semanas.

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Nas imagens, é possível ver a juíza e a promotora à frente do caso pedindo para que a criança, que foi estuprada, siga com a gravidez. “Você suportaria ficar mais um pouquinho com o bebê?”, questiona a magistrada, sugerindo que a menina ficasse “mais duas ou três semanas” até a formação do feto evoluir a ponto de fazer um parto antecipado
A criança, que foi abusada no início deste ano, descobriu que estava grávida com 22 semanas. Ela foi encaminhada ao Hospital Universitário de Florianópolis, onde teve o procedimento para interromper a gravidez negado, sob a alegação de que a interrupção só seria realizada com até 20 semanas
Com isso, a família buscou autorização judicial. O Ministério Público catarinense, então, pediu que a menina ficasse no abrigo “até verificar-se que não se encontra mais em situação de risco [de violência sexual] e possa retornar para a família natural”
O documento, produzido pelo órgão, reconheceu que a gravidez era de alto risco em razão da idade da criança, que não possui estrutura biológica para uma gestação. No Brasil, o aborto é permitido quando a gravidez é decorrente de estupro, quando há diagnóstico de anencefalia do feto e quando há risco à vida da gestante
Segundo o processo, a menina foi encaminhada, inicialmente, ao abrigo por conta de um pedido da Vara da Infância para protegê-la do agressor. Mas o objetivo mudou e passou a ser evitar o aborto. A suspeita é de que o abuso tenha ocorrido na casa da criança
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O caso da menina de 11 anos que a Justiça mandou internar em abrigo para evitar que um aborto fosse realizado em Santa Catarina, ganhou repercussão nacional após vídeos da audiência serem divulgados pelo The Intercepet e pelo Portal Catarinas

Getty Images
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Nas imagens, é possível ver a juíza e a promotora à frente do caso pedindo para que a criança, que foi estuprada, siga com a gravidez. “Você suportaria ficar mais um pouquinho com o bebê?”, questiona a magistrada, sugerindo que a menina ficasse “mais duas ou três semanas” até a formação do feto evoluir a ponto de fazer um parto antecipado

Sarawut Wiangkham / EyeEm/Getty Images
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A criança, que foi abusada no início deste ano, descobriu que estava grávida com 22 semanas. Ela foi encaminhada ao Hospital Universitário de Florianópolis, onde teve o procedimento para interromper a gravidez negado, sob a alegação de que a interrupção só seria realizada com até 20 semanas

Ricardo Bacili / EyeEm /Getty Images
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Com isso, a família buscou autorização judicial. O Ministério Público catarinense, então, pediu que a menina ficasse no abrigo “até verificar-se que não se encontra mais em situação de risco [de violência sexual] e possa retornar para a família natural”

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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O documento, produzido pelo órgão, reconheceu que a gravidez era de alto risco em razão da idade da criança, que não possui estrutura biológica para uma gestação. No Brasil, o aborto é permitido quando a gravidez é decorrente de estupro, quando há diagnóstico de anencefalia do feto e quando há risco à vida da gestante

Reprodução
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Segundo o processo, a menina foi encaminhada, inicialmente, ao abrigo por conta de um pedido da Vara da Infância para protegê-la do agressor. Mas o objetivo mudou e passou a ser evitar o aborto. A suspeita é de que o abuso tenha ocorrido na casa da criança

reprodução
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No dia seguinte à divulgação das imagens, a advogada da família da criança entrou com outro habeas corpus solicitando permissão para que o aborto fosse feito após a menina deixar o abrigo. Como a criança estava sob a tutela do Estado, o fato impedia que o procedimento fosse realizado

Mariana Guedes / EyeEm/Getty Images
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Na decisão, no entanto, a juíza afirmou que a realização do procedimento só seria possível com menos de 22 semanas de gestação ou 500 gramas do feto. Ela também comparou a prática a um homicídio

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Com a repercussão, tanto o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quanto a Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça de Santa Catarina passaram a apurar a conduta da magistrada. O Ministério Público de Santa Catarina, por sua vez, investiga a promotora

Michael Melo/Metrópoles
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Em 21 de junho, a juíza a frente do caso informou que foi transferida para a comarca de Brusque, no Vale do Itajaí. Ela alega que a transferência ocorreu devido a uma promoção anterior à repercussão do caso

Tetra Images/Getty Images
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Em nota, o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, onde a criança foi atendida inicialmente, informou que casos envolvendo prontuário de pacientes e casos que correm em segredo de justiça não serão divulgados

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No entanto, ressaltou que “quando ocorre de ultrapassar o limite da idade gestacional estabelecido pelo protocolo para conduzir o procedimento, o hospital orienta a família a recorrer judicialmente para assegurar o direito”

Thomas Northcut/Getty Images
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O Ministério Público Federal (MPF) disse que investigará o atendimento feito na unidade

Reprodução
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Em 23 de junho, o Ministério Público Federal (MPF), informou, em nota, que a menina conseguiu realizar o aborto para interromper a gestação. Segundo o comunicado, o procedimento foi realizado pelo Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago. Antes do procedimento, a criança estava chegando à 29ª semana de gravidez

Justin Paget/ Getty Images

Audiência pública

Cinco comissões da Câmara dos Deputados ouvem, nesta terça-feira (5/7), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Os grupos querem esclarecimentos sobre diversos temas.

Entre os assuntos, está a atuação do filho do ministro, Antônio Cristóvão Neto, conhecido como Queiroguinha, na liberação de recursos do governo federal. O debate sobre o tema foi proposto pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público.

Além da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, outros quatro grupos participam do debate com o ministro: de Defesa dos Direitos da Mulher; do Direitos do Consumidor; de Fiscalização Financeira e Controle; e de Seguridade Social e Família.

Os deputados pedem esclarecimentos sobre as atualizações da Caderneta da Gestante e da nova Rede de Atenção Materna e Infantil (Rami). O ministro também será questionado sobre a situação das santas casas e hospitais filantrópicos, e sobre o fim da emergência sanitária imposta pela Covid.

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