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Múcio diz que “manto de suspeição” sobre Forças Armadas é “muito ruim”

Ministro da Defesa comentou delação de Mauro Cid sobre suposta reunião entre Bolsonaro e militares, na qual se discutiu golpe de Estado

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1 de 1 Imagem colorida de José Múcio Monteiro, ministro da Defesa - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O ministro da Defesa, José Múcio, avaliou, em entrevista nesta quinta-feira (21/9), que as Forças Armadas, enquanto instituição, garantiram “a manutenção da democracia” e que avanços golpistas após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições foram “atitudes isoladas de componentes das Forças”. O ministro do governo Lula lamentou o “manto de suspeição” que recaiu sobre a instituição após Mauro Cid delatar reunião de comandantes militares com o ex-presidente para falar de golpe.

“Não mexe conosco [diretamente], porque se trata de pessoas que pertenceram, que estão na reserva, os citados, mas nós desejamos muito que tudo seja esclarecido. Evidentemente esse ambiente que a gente vive nos constrange e essa aura de suspeição coletiva nos incomoda”, disse Múcio, ao chegar a seu ministério nesta quinta.

Ele disse que pretende conversar com os atuais comandantes sobre a revelação, mas repetiu algumas vezes que o problema diz respeito a militares que trabalharam no governo Bolsonaro. “Essas coisas que saíram hoje são em relação ao governo passado, comandantes passados, não mexe com ninguém que está na ativa”, seguiu ele.

“Ficamos sempre torcendo que essas coisas tenham fim, porque você pode imaginar o que é trabalhar com um manto de suspeição, é muito ruim. quem não tem nada a ver com isso se sente incomodado. Mas tudo vai chegar a um bom fim. Tenho certeza cristalina de que o golpe não interessou, em momento nenhum, às Forças Armadas. São atitudes isoladas de componentes das Forças, mas nós devemos ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica a manutenção da nossa democracia”, destacou Múcio.

A delação de Mauro Cid

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid ficou preso por quatro meses, sob acusação de ter liderado esquema de adulteração de cartões de vacina. Ele foi solto neste mês e, diante de uma situação jurídica complicada, resolveu fechar acordo de delação premiada com a Polícia Federal, entre o fim de agosto e o início de setembro.

Cid delatou que Bolsonaro, após sua derrota, fez uma reunião com comandantes militares, no fim do ano passado, para debater a viabilidade de um golpe de Estado.

A reunião que o então presidente teve com a cúpula das Forças Armadas e seus ministros mais próximos não resultou em uma proposta de golpe, porque a ideia de intervenção militar não foi aceita por unanimidade.

Cid ainda teria citado à PF nomes como o do almirante de esquadra da Marinha Almir Garnier. O comandante da Força teria afirmado ao ex-presidente que suas tropas estariam prontas para responder à convocação de Bolsonaro. O Comando do Exército, no entanto, teria ficado contra a ideia de golpe e contra o consequente impedimento da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na delação, Cid ressaltou que participou da reunião com o então assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, que teria lhe repassado uma suposta minuta de golpe (que previa convocação de novas eleições e prisão de adversários políticos).

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