MST protesta em frente ao MEC contra suposto favorecimento a pastores
Grupo levou um bezerro e barras do ouro falsos para simbolizar a suposta relação de corrupção entre governo e pastores evangélicos
atualizado
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Com um bezerro e barras de ouro falsos, militantes do Movimento Sem Terra (MST) realizaram, nesta sexta-feira (25/3), protesto em frente ao Ministério da Educação. Segundo o movimento, a ação buscou denunciar os casos de corrupção na pasta que se tornaram público nesta semana e evidenciaram “a existência de um gabinete paralelo no MEC formado por pastores amigos do ministro Milton Ribeiro e [do presidente] Jair Bolsonaro”.
O grupo levou para o Ministério a alegoria de um bezerro de ouro, figura bíblica que faz referência à adoração que o povo hebreu se submeteu ao se corromper, enquanto Moisés estava no Monte Sinai recebendo os 10 mandamentos. “A proposta foi vincular esta imagem à corrupção que envolve o governo federal e pastores evangélicos”, diz o MST.
O grupo também criticou o suposto “balcão de negócios” que teria se tornado o MEC, enquanto “diversas políticas públicas são desmontadas, como o Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária (Pronera)”.
“Atualmente, o país vive uma das suas piores crises econômicas, com a educação sofrendo diretamente com o governo de Jair Bolsonaro. Neste cenário, o MEC é uma das pastas que mais sofreu cortes no orçamento e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão responsável pela execução dos recursos ligados à educação, está entregue ao centrão e também, como revelaram as denúncias, a um grupo de interesses formado por pastores evangélicos próximos a Jair Bolsonaro”, disse.
Caso
Em áudios sobre o papel de pastores na destinação de verbas da pasta, revelados pelo jornal Folha de S.Paulo, Ribeiro confirma o direcionamento e afirma que faz isso a pedido do presidente Bolsonaro. Os pastores beneficiados não têm cargo e atuam em esquema informal de obtenção de verbas do Ministério da Educação.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, declara o ministro na conversa em que participaram prefeitos e os dois religiosos. Os recursos são geridos pelo FNDE, órgão vinculado ao MEC e controlado por políticos do Centrão.
Um dos prefeitos envolvidos revelou que o pastor Arilton Moura teria cobrado um quilo de ouro para liberar verbas.
Na quinta-feira (24/3), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito contra o ministro Milton Ribeiro, a pedido atende a uma solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Já o MPF abriu uma investigação para apurar suspeitas de favorecimento aos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos na liberação de recursos do MEC e uma possível falta de critérios técnicos no fluxo de recursos do FNDE, órgão ligado à pasta.
A Comissão de Educação do Senado convidou, nesta quinta-feira (24/3), o ministro Milton Ribeiro para explicar o suposto favorecimento a pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). O chefe da pasta deve comparecer ao colegiado na próxima quinta-feira (31/3). Os pastores também foram convidados e devem ir à Casa posteriormente.