MPT pede R$ 30 milhões de Pedro Guimarães e R$ 305 milhões da Caixa
Ministério Público do Trabalho propôs ação civil pública contra o ex-presidente da Caixa e o banco após denúncias do Metrópoles
atualizado
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O Ministério Público do Trabalho entrou na Justiça contra a Caixa Econômica Federal, seu ex-presidente, Pedro Guimarães, e outros sete executivos ou ex-funcionários por crimes como assédio sexual e moral, além de discriminação contra mulheres e omissão.
A ação civil pública foi proposta à Justiça do Trabalho em Brasília e pede que o banco público seja condenado a pagar R$ 305 milhões em indenização. Já de Pedro Guimarães, o MPT pede uma indenização de R$ 30,5 milhões, e dos demais denunciados, R$ 3 milhões em indenização.
De acordo com a denúncia, a Caixa falhou em proteger seus funcionários do assédio imposto por Guimarães e outros membros de sua diretoria.
Nomeado presidente da Caixa no início do governo de Jair Bolsonaro, em 2019, Guimarães deixou o cargo em junho, após denúncias de assédio sexual e moral dele a servidoras e servidores terem sido reveladas pelo colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles.
Para apresentar a denúncia e apontar a omissão da empresa, o MPT apurou a que a primeira denúncia contra Guimarães foi feita em junho de 2019 à corregedoria do banco, quando ele havia sido nomeado há apenas seis meses – e o banco nunca apurou a conduta do presidente, além de ter tentado esconder as denúncias de órgãos de controle, como o Ministério Público.
Em mais de 70 páginas, a ação do MPT ilustra as consequências da publicação da denúncia pelo Metrópoles e investigações que se seguiram. São detalhados os conteúdos de 20 depoimentos tomados pelo MPF com servidoras, servidores e ex-funcionários da Caixa, que indicam que Pedro Guimarães “aproveitava as viagens oficiais para assediar sexualmente empregadas do banco”.
“Comigo, em uma das viagens, ele passou a mão nas minhas nádegas, depois de sempre fazer brincadeiras que me constrangiam, pegando na cintura, no pescoço e me abraçando encostando todo seu corpo em mim e falando no pé do ouvido, com uma intimidade que nunca dei e que me ofendia”, disse uma das depoentes.
“Pelo menos outras duas colegas passaram pelo mesmo, sendo apalpadas por ele nas nádegas em viagens. Ele também constrange as colegas pedindo para levar coisas no quarto dele a noite. Várias mulheres já foram vistas saindo do quarto dele nos hotéis que se hospeda. Ele acha que as pessoas não veem, mas veem e comentam. Temos muito medo, mas algo precisa ser feito”, completa ela.
Outra testemunha ciada na ação relatou que “que quando o presidente abria a porta, ele passava o braço no peito da depoente; que era muito sutil; que num primeiro momento não deu para sentir que era uma coisa pensada; que parecia um esbarrão, mas depois de um momento a coisa passou a ficar mais objetiva, ele passava a mão no peito, nas nádegas, como se fosse um esbarrão”.
Em resumo, o MPT justificou a ação na Justiça acusando o ex-presidente Pedro Guimarães de assédio sexual e moral, além de agressões físicas. Já o banco foi acusado de omissão diante dos abusos e de não ter protegido seus funcionários.
“Induvidoso, portanto, que as condutas denunciadas – e robustamente comprovadas pelos depoimentos acima transcritos, além de documentos carreados aos autos do inquérito civil público – caracterizam assédio sexual e assédio moral, além de tratamento discriminatório”, diz o documento.