MPGO denuncia gerente que humilhou caminhoneiro por furto de milho
No entendimento do órgão, o gerente da fazenda agiu de forma discriminatória. Homem fez um vídeo e expôs a situação nas redes sociais
atualizado
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Goiânia – O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou o gerente de fazenda Fernando Rosbach pelos crimes de discriminação de raça ou procedência nacional. O homem fez um vídeo no momento em que um caminhoneiro furtava espigas de milho. O caso aconteceu no último mês de maio, no município de Cabeceiras (GO).
“Eu vou procurar na internet quem é o dono desta empresa. Aqui o motorista ladrão, roubando meu milho. Parabéns, cara, você acaba de ser notificado como ladrão”, disse o gerente da Fazenda Bianco no vídeo.
Veja:
Em seguida, o caminhoneiro perguntou se poderia deixar as espigas onde estava, mas Fernando ordenou que fossem deixadas na caminhonete. “Põe lá dentro da caminhonete. Vou passar para polícia”, afirma o gerente nas imagens.
Denúncia
De acordo com o inquérito policial, no dia 6 de maio deste ano, por volta das 10 horas, Fernando Rosbach, estava entre o Km 14 e 16, na GO-346, quando praticou o crime. O promotor de Justiça narra que a vítima avistou um milharal e estacionou seu veículo e, diante da falta de cercas, decidiu subtrair cerca de dez espigas de milho.
Quando o homem ia guardar o produto na boleia de seu caminhão, foi surpreendido pelo denunciado, que deu um tiro para o alto e começou a gritar ofensas por sua origem de nascimento, aproveitando para filmar as atitudes da vítima, enquanto continuava a praticar a discriminação.
Crimes
Segundo a investigação da Polícia Civil de Goiás, o gerente cometeu crime de racismo e outro previsto no estatuto do desarmamento. Por isso, a polícia deflagrou a operação e apreendeu uma pistola de nove milímetros, um revólver calibre 32 e quatro espingardas.
No vídeo, o gerente ainda usou pejorativamente o termo “goianada”, dizendo que iria ensinar essa pessoal a não roubar milho.
O gerente excluiu o vídeo de suas redes sociais, logo depois da repercussão negativa, porque suas “atitudes preconceituosas” não foram apoiadas pelo próprio patrão dele. Depois, Fernando pediu desculpas e disse que não quis ofender os moradores de Cabeceiras nem os goianos.
“Seu merda”
O caso levantou polêmica na internet, e outro homem armado voltou ao local para fazer ameaças contra o gerente. “Olha, seu Fernando, onde estou aqui, na beira de seu milho, na beira de sua fazenda, né? Que não é sua, né, seu merda? Vou pegar três sacos de milho aqui agora. Vem me chamar de ladrão aqui”, afirmou o homem, que gravou o vídeo.
O homem armado também criticou a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), já que a lavoura não está cercada e, segundo moradores da região, ainda invade uma parte do acostamento, em faixa de domínio público. “Cadê a Goinfra que não vem botar você [Fernando] para fazer cerca nessa merda aqui?”, questionou ele.
O vídeo viralizou e repercutiu nas redes sociais. O prefeito da cidade de Cabeceiras (GO), Tuta, reclamou do gerente para o dono da fazenda Bianco e repudiou o caso.
O presidente do sindicato Rural de Cabeceiras, Jacó Rotta, também se pronunciou e manifestou “indignação”. “A atitude tomada extrapolou os limites do bom senso e respeito ao próximo. Não é certo pegar sem permissão, mas não justifica tal atitude. Em nome de todos os produtores, pedimos desculpas pelo ocorrido”, afirmou.
“Atitudes preconceituosas”
Em nota, o dono da Fazenda Bianco, Arno Bruno Weis, disse “não apoiar comportamentos e atitudes preconceituosas como as proferidas pelo gerente ao se deparar com uma pessoa furtando milho em uma das lavouras”. “Uma atitude injustificável”, afirmou.
No entanto, o fazendeiro disse que sofre prejuízos significativos com os exagerados furtos diários de milho. “Já houve casos de pessoas com carga completa de milho em camionetes e pequenos caminhões. Em algumas oportunidades pessoas armadas praticando o furto de milho. Para reduzir os furtos nunca se sabe quem vamos encontrar roubando milho”, disse.
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