MPGO denuncia capitão da PM que propôs a adolescente: “Motel, topam?”
Capitão é suspeito de assediar menino de 12 anos em Rio Verde. Ele foi denunciado por estupro de vulnerável, stalking e importunação sexual
atualizado
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Goiânia – O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou um capitão da reserva da Polícia Militar de Goiás e subcomandante do Colégio Militar de Rio Verde (GO), de 59 anos, pelos crimes de estupro de vulnerável, stalking e importunação sexual. Ele foi preso depois de trocar mensagens com um adolescente de 12 anos e seu primo, nas quais chegou a propor “Motel, topam?”.
O militar está preso desde o dia 1º de agosto e o caso corre em sigilo de Justiça. A denúncia foi oferecida na terça-feira (17/8). De acordo com o órgão, o stalking é um crime que foi inserido recentemente na legislação penal e que se caracteriza pela perseguição reiterada, com ameaças, sejam físicas ou psicológicas, a alguém.
Ainda de acordo com o MPGO, no curso do inquérito policial, surgiram evidências de que pode haver outras vítimas adolescentes do acusado. Diante disso, apesar da conclusão da apuração inicial, as investigações prosseguem. O suspeito teve a prisão em flagrante convertida em preventiva a pedido do MPGO, durante audiência de custódia realizada em 2 de agosto.
Flagrante
O militar foi preso no dia 1º de agosto em um posto de gasolina de Rio Verde, onde havia combinado de encontrar o adolescente e um primo de 18 anos, para irem até um motel. O capitão teria proposto o encontro por WhatsApp, depois de assediar o menor em um clube.
O caso veio à tona depois que o pai do adolescente fingiu ser o garoto, conversou com o capitão pela internet e marcou o encontro. No dia seguinte ao encontro, a prisão preventiva do militar foi decretada, a pedido do Ministério Público de Goiás (MPGO).
Fato consumado
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Carlos Roberto Batista, a investigação concluiu que o crime foi consumado. O investigador afirmou que, um dia antes de ser preso, o capitão teria se encontrado com os adolescentes e, na ocasião, passou a mão nas partes íntimas de um deles.
Segundo o delegado, o fato já tinha acontecido em maio deste ano, quando ele encontrou o adolescente no clube, situação relatada pela mãe do garoto.
Batista não informou quantas pessoas procuraram a polícia para denunciar o militar. Porém, segundo ele, os relatos são parecidos com o do adolescente e teriam acontecido no mesmo local.
Afastado da função
Preso em flagrante por aliciamento de menor e investigado, agora, por tentativa de estupro de vulnerável e importunação sexual, o capitão foi afastado da função e transferido para o Presídio Militar, em Goiânia.
Em nota, a PMGO informou o afastamento imediato e o retorno dele à reserva da tropa. Um Procedimento Administrativo Disciplinar foi instaurado para apurar o caso. “A Polícia Militar de Goiás reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros e que o caso será apurado com o rigor devido”, diz o texto da nota.
Proteção das vítimas
Na audiência de custódia, o promotor argumentou sobre a necessidade de garantia da ordem pública, diante da repercussão e o abalo social causado pelo ocorrido. Também foi mencionada a necessidade de proteção de vítimas e testemunhas.
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) concordou com o promotor e determinou a prisão preventiva do capitão, que foi levado para o presídio militar.
Diferente da prisão em flagrante, a prisão preventiva não tem prazo para acabar. O inquérito da Polícia Civil sobre o caso deve ser concluído até a próxima semana, segundo o MPGO.
Vilão
Quando chegaram em casa, o adolescente revelou que o militar passou as mãos em suas partes íntimas. Até então, a família nem suspeitava que o agressor era um policial militar.
“O que deveria proteger se tornou o vilão, e isso dá uma sensação de impotência, porque nem sempre a gente está ao lado dos filhos da gente”, desabafou a mãe do adolescente.
Estratégia
Em uma nova visita ao clube, no sábado (31/7), o militar voltou a abordar o adolescente, que foi embora com medo. O capitão então, teria passado seu número de telefone para o sobrinho de 18 anos, que também estava no clube.
A partir daí, a família começou a se comunicar com o militar por mensagens pelo WhatsApp, como se fossem as vítimas. O oficial da PM teria falado palavras obscenas pelo aplicativo e, com pouco tempo de conversa, já sugeriu a ida até um motel.
“Quando ele falou que queria levar eles para o motel, eu pensei: ‘esse moço está obcecado pelo meu filho’. Até então, em nenhum momento passou pela nossa cabeça que era policial”, relatou a mãe do adolescente.