MPGO apura uso de referência a cocaína em cálculo de tarefa escolar
Lição para alunos do 8º ano provocou revolta em pais de alunos de escola municipal de Itaberaí (GO); tarefa usava termo cocaína em cálculo
atualizado
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Goiânia – O Ministério Público de Goiás (MPGO) está apurando o uso de referência sobre cocaína em uma tarefa escolar da rede municipal de educação de Itaberaí, cidade a 100 quilômetros da capital goiana. A equação foi para turmas do 8º ano da Escola Municipal Padre Elígio Silvestri.
Em uma equação matemática direcionada aos alunos adolescentes, lia-se o enunciado: “Supondo as dimensões internas de cada pino plástico utilizado na embalagem de cocaína…” O fato revoltou os pais e responsáveis pelos estudantes e ganhou projeção nacional.
O caso foi parar no MP. A 2ª Promotoria de Justiça de Itaberaí reuniu-se com representantes do município para tratar da conduta profissional de duas servidoras municipais, lotadas na escola. O órgão quer apurar justamente a atividade de matemática que tratava do cálculo envolvendo cocaína.
Medidas
Segundo o promotor de Justiça Marcelo Faria da Costa Lima, a reunião realizada na manhã desta quinta-feira (14/10), foi convocada para verificar quais medidas foram adotadas pela escola em relação ao caso.
A secretária municipal de Educação, Carla de Deus Lima Lemes, informou que a servidora que ocupava o cargo de supervisora escolar pediu exoneração, no dia 8 deste mês. Além disso, foi instaurado procedimento para apurar a conduta administrativa tanto da supervisora quanto da coordenadora pedagógica da unidade.
O procurador-geral do município, Daniel Fernandes Leite, acrescentou que a Câmara Municipal de Itaberaí constituiu Comissão Especial para acompanhamento do processo administrativo aberto para averiguar a conduta das duas servidoras municipais.
Repercussão negativa
Ao verem a questão, os pais dos alunos se indignaram com a situação e cobraram providências da escola. Um dos responsáveis pelos estudantes afirmou já ter decidido pela transferência do filho para outra unidade de ensino.
“Olha se tem como uma escola mandar para um menino de 14 anos resolver um problema baseado em pino de cocaína?”, disse o homem, que pediu para não ser identificado, bastante revoltado com a questão de matemática.
“Tinha que ser cocaína?”
De acordo com o pai, o professor deveria ter buscado outra pergunta para avaliar os alunos. “Porque não baseou em outra coisa? Tinha que ser logo cocaína? Não pus meu filho lá para estudar sobre cocaína”, reclamou.
O conselho tutelar da cidade foi chamado, por alguns pais, para prestar auxílio e intervir no caso. Depois, conselheiros foram à escola e informaram que a diretora reconheceu o erro e, segundo ela, o objetivo de propor um problema na questão poderia ser alcançado usando outras substâncias como exemplo.
“Cálculo comum”
A mãe de outro estudante que recebeu a lição também achou um absurdo ver a droga ser usada em uma questão de matemática.
“A coordenadora disse que isso era um cálculo comum, como se fosse com arroz, feijão. Que não estão influenciando os alunos a vender ou a usar”, indignou-se.
Por meio de nota, a escola pediu desculpas à comunidade e disse que a questão “foge do alinhamento do trabalho pedagógico”.