MPF pede prisão de PRFs por morte de estudante durante abordagem
O carro em que estava a estudante Anne Caroline Nascimento Silva foi atingido por sete disparos disparados de dentro de uma viatura da PRF
atualizado
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O Ministério Público Federal (MPF) denunciou e apresentou pedido de prisão preventiva contra quatro policiais rodoviários federais pela morte de Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos. A estudante de enfermagem foi morta durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Rodovia Washington Luiz, no Rio de Janeiro, em junho de 2023.
Os policiais devem responder por homicídio qualificado, fraude processual, tentativa de homicídio e lesão corporal grave na modalidade culposa.
Saiba quem são os denunciados:
- Thiago da Silva de Sá;
- Jansen Vinícius Pinheiro Ferreira;
- Diogo Silva dos Santos;
- Wagner Leandro Rocha de Souza.
O crime de lesão corporal grave na modalidade culposa se refere ao fato de um dos tiros disparados do carro da PRF ter atingido um Corsa Max que também seguia pela Washington Luiz, ferindo a diarista Claudia dos Santos.
Relembre o caso
O coletor de óleo Alexandre Roberto Ribeiro Mello, 32, e a esposa Anne Caroline Nascimento Silva voltavam de um restaurante quando o carro em que estavam, um Jeep Renegade, foi atingido por tiros de fuzil disparados de uma viatura da PRF.
Segundo depoimento do marido, uma viatura policial, com os faróis apagados, se aproximou do Jeep e passou a perseguir o carro. Pouco depois, os policiais ligaram o giroflex e, sem que houvesse tempo para ordem de parada, iniciaram a sequência de oito disparos de fuzil.
Sete tiros atingiram o Jeep Renegade e um deles feriu Anne Caroline. Após isso, Alexandre parou o carro e saiu com as mãos levantadas.
Ao perceberem que havia uma pessoa ferida, um dos policiais assumiu o volante do Jeep e dirigiu para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, localizado no Bairro da Penha, Rio de Janeiro, com a viatura policial seguindo atrás. Anna, no entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu.
Segundo o MPF, enquanto Anne Caroline era atendida, os quatro policiais teriam tentando intimidar Alexandre, em uma espécie de interrogatório prévio e informal.
A denúncia do MPF sustenta ainda que os quatro policiais devem responder pelo crime, embora apenas um tenha feito os disparos. “A autoria delitiva não se resume à prática da ação nuclear descrita no tipo penal. Basta que haja prévia confluência de vontades para que se configure o liame subjetivo necessário à configuração da coautoria”, explica o procurador da República Eduardo Benones.
Além disso, depoimentos mostram que o policial autor dos tiros teria sido instigado pelos colegas a disparar. “Disparar oito tiros de fuzil contra a traseira de determinado veículo em movimento que, evidentemente, estava sendo conduzido por alguém, é um inegável atentado contra a vida”, afirma o procurador.
Além do recebimento da denúncia e da condenação dos quatro policiais, o MPF pede a indenização para reparação dos danos morais e materiais causados a Alexandre e Claudia, nos valores de R$ 1,5 milhão e R$ 1 milhão, respectivamente.