MPF pede à Caixa acesso a relatório sigiloso sobre presidente do banco
“Qualquer verba da Caixa para sair, tudo quanto é verba do governo, tinha que passar pela diretoria dele” disse Funaro, em relação à Occhi
atualizado
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Os procuradores da força-tarefa Greenfield requisitaram na sexta-feira (23/3) acesso a uma investigação interna da Caixa sobre o presidente do banco público Gilberto Occhi. O relatório foi produzido pelo escritório Pinheiro Neto a pedido do Conselho de Administração e é mantido em sigilo pelo banco.
A investigação foi iniciada pelo Pinheiro Neto com base no relato do corretor e delator Lúcio Bolonha Funaro. Em sua colaboração premiada, Funaro acusou o atual presidente da Caixa, Gilberto Occhi, de desviar recursos para o Partido Progressista (PP).
“Qualquer verba da Caixa para sair, tudo quanto é verba do governo, tinha que passar pela diretoria dele. Tinha que passar na vice-presidência dele”, disse Funaro, em relação à atuação de Occhi. “E ele tinha uma meta, que não sei de quanto era. Meta de propina”, reforçou.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o relatório produzido pelo escritório Pinheiro Neto mapeou toda a evolução patrimonial de Occhi. O documento, segundo fontes relataram à reportagem, teria sido finalizado pelo escritório e estaria sob tutela do Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal.
Novo presidente
Nesta terça-feira (27) os procuradores também enviaram à Presidência da República, ao Ministério da Fazenda e ao Conselho Administrativo da Caixa uma recomendação para que o novo presidente do banco seja escolhido por meio de um processo seletivo impessoal e com a produção de uma lista quíntupla. Atual presidente, Occhi deve deixar o comando do banco durante a reforma ministerial.
Os procuradores argumentam que o modelo de escolha com processo seletivo tem por objetivo melhorar a gestão do banco e garantir a transparência.
Recrutamento
Em dezembro de 2017, os procuradores haviam recomendado o uso de um serviço de recrutamento para a formação dessa lista de nomes a serem escolhidos para o comando do banco. Com base nesses nomes, o presidente da República poderia escolher o mais bem preparado.
Na mesma recomendação de dezembro, os procuradores solicitaram a saída de todos os vice-presidentes da instituição. A saída só ocorreu, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, em janeiro após o Banco Central também se posicionar á favor das mudanças. Ao todo, quatro vice-presidentes foram substituídos.
Internamente no MPF, a nova recomendação é vista como um complemento da anterior e tem por objetivo evitar que um novo nome político seja indicado para a vaga de Occhi.
Até o fechamento deste texto, a reportagem não havia obtido um posicionamento dos envolvidos.