MPF: esquema de corrupção era montado em “clube do charuto” de Witzel
Em reuniões no Palácio Guanabara, governador afastado recebia aliados, como o ex-secretário de Saúde Edmar Santos e desembargadores do TRT
atualizado
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Rio de Janeiro – O esquema de corrupção que desviou recursos destinados ao pagamento do salário de trabalhadores da saúde do estado do Rio de Janeiro e que motivou a prisão de 11 pessoas, incluindo decisões contra quatro desembargadores, na manhã desta terça-feira (2/3), foi acertado no “clube do charuto” do governador afastado Wilson Witzel (PSC).
Nesses encontros semanais, sempre às quintas-feiras, no Palácio Guanabara, Witzel se reunia com aliados, amigos e, principalmente, gente interessada em fechar negócios com o governo estadual, segundo informações que constam na denúncia do Ministério Público Federal (MPF), à qual o Metrópoles teve acesso.
Além dos desvios, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), houve o pagamento de R$ 8,5 milhões de propina aos desembargadores, ao grupo do governador do Rio Wilson Witzel e a advogados envolvidos no caso.
Foi num desses momentos que o ex-secretário de Estado de Saúde Edmar Santos foi apresentado ao desembargador Marcos Pinto da Cruz por Witzel, que fez questão de ressaltar que o magistrado “tinha, sob sua responsabilidade, algumas questões trabalhistas de empresas da área de saúde, e solicitou que o colaborador o auxiliasse no que lhe fosse pedido”, como revela a denúncia do Ministério Público Federal.
Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal e a PGR cumpriram 11 mandados de prisão preventiva e mais 26 de busca e apreensão. Em conjunto com a operação, deflagrada para a obtenção de mais provas, a PGR já apresentou denúncia ao STJ a respeito do esquema.
Entre os acusados estão os desembargadores do TRT-1 Marcos Pinto da Cruz, José da Fonseca Martins (ex-presidente do TRT), Fernando Antonio Zorzenon da Silva (ex-presidente do TRT) e Antonio Carlos de Azevedo Rodrigues. Entre os denunciados também estão Wilson Witzel, o pastor Everaldo, o empresário Mario Peixoto e advogados envolvidos no esquema.