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MP: seguranças do bicheiro Rogério Andrade tinham “código de conduta”

Dezoito policiais foram presos nessa quarta (20/3), suspeitos de integrar organização criminosa e atuar na segurança de Rogério Andrade

atualizado

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rogerio andrade advogado bicheiro
1 de 1 rogerio andrade advogado bicheiro - Foto: Reprodução

Agentes do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Corregedoria da Polícia Militar prenderam 18 policiais militares suspeitos de atuar na segurança do bicheiro Rogério Andrade. O grupo, denunciado por organização criminosa e preso nessa quarta-feira (20/3), também seguia um “código de conduta” para exercer tal função.

De acordo com a denúncia do MPRJ, os PMs tinham horários rígidos, maneiras de se vestir, cuidados com os carros do bando, além de atenção com os inimigos. Eles recebiam salários de até R$ 7,6 mil para acompanhar, dirigir e proteger o contraventor e a família dele.

Segundo o órgão, eles agiam como um “exército particular”, com armamento próprio, “realizando missões, guerras, rondas e abordagens”.

Os investigadores acreditam que o bicheiro utilizava essa mão de obra especializada para responder a “ameaças de organizações rivais e de membros não corrompidos das forças de segurança pública”. Os salários eram pagos de acordo com a patente que os policiais tinham na corporação militar do estado.

“Vampiros”

Do total de 36 seguranças pessoais que atuavam na proteção da família Andrade, 14 faziam parte do núcleo de confiança do bicheiro e trabalhavam no período da noite. Eles integravam o grupo de troca de mensagens por aplicativo batizado de Vampiros.

Os investigadores interceptaram mais de 14,5 mil mensagens trocadas, entre outubro de 2019 e maio de 2022. A rotina do grupo não parou nem mesmo durante o período que Rogério permaneceu foragido.

“Não quero questionamentos! Não tá satisfeito. Tá achando que trabalha muito. (…) Tá no lugar errado. Tá no cavalo, banca! Tá dobrando, banca! Quem tá com a patroa, é até as 19h ou até o término”, dizia uma das mensagens de cobrança no grupo dos seguranças.

Segundo a denúncia, a falta de cuidado dos seguranças em mensagens no grupo Vampiros ajudou na identificação dos policiais envolvidos. Informações pessoais, como datas de aniversário, número de documentos (CPF e RG), além de chaves Pix facilitaram a confirmação dos nomes.

Regras de quem trabalha para Rogério Andrade

Entre as regras a serem seguidas pelo grupo estava a boa apresentação pessoal. Para trabalhar na proteção do bicheiro, o policial precisava usar sapato, calça e camisa social. A exigência era do próprio Rogério Andrade.

Em uma mensagem enviada pelo policial Marcos Antônio Alle Teixeira no grupo Vampiros, a ordem do chefe fica clara para todos.

“Boa noite a todos. Não tenho nada a ver com a vida de ninguém. Porém, todos sabem como tem que se vestir aqui. Sapato, calça e camisa social. Hoje ele [Rogério] me questionou que tem visto o pessoal caindo o padrão”, dizia a mensagem.

Outro cuidado que os seguranças deveriam ter para trabalhar com o bicheiro era com os carros utilizados por eles. Cada um dos policiais era responsável por avisar sobre a necessidade de manutenção e por pagar possíveis avarias causadas nos veículos.

“Comunicar a todos que tomem cuidado com os veículos. Dirigir, no carona (limpeza, olhar óleo de motor). Eu abri a porta do Jetta e outro carro bateu. Paguei! Passos deu uma ré, amassou. (Ele) Pagou! Gavião amassou e arranhou e pagou! Tudo eu dou ciência a quem de direito. Olhem o carro antes de pegar. Porque se aparecer amassado vai pagar. Lembrando que tudo é filmado”, orientou o policial Fábio Luiz Rebelo Ouro.

Ataque de inimigos

Outra mensagem enviada no grupo mostra que o bicheiro mantém preocupação com ataque de inimigos. De acordo com um aviso postado pelo policial Valdir Campos Júnior, conhecido como JR. Play, o momento de maior perigo é à noite, quando os rivais podem tentar “pegar o 01”.

“Só querem pegar o 01 [Rogério] à noite. De dia tá tranquilo”, escreveu Júnior, que era um dos chefes do grupo.

O alerta ficou mais claro quando Júnior ameaçou os seguranças que estavam dormindo em serviço. O chefe lembrou a todos que “ele” (Rogério) via tudo e que quem fosse pego dormindo ia “ficar falando sozinho”.

“Pro pessoal da noite que acha que depois de uma certa hora vai dormir. Quem dorme só tem direito a sonhar! Ele paga pra trabalhar!”, alertou o PM.

Segurança pessoal valiosa

Segundo a denúncia do MPRJ, o bicheiro Rogério Andrade gastava mais de R$ 207 mil por mês com sua segurança pessoal. Ao todo, 36 homens trabalhavam para o contraventor.

Em maio de 2022, os investigadores encontraram uma planilha em um dos imóveis de “01” com todos os gastos do bicheiro com sua equipe de segurança particular. Os agentes acreditam que a estrutura existia desde abril de 2021.

Além de toda preocupação com a rotina dos seguranças, Rogério mostrava que confiava nos policiais que trabalhavam para ele. Isso porque, em um ano, apenas um funcionário do grupo foi trocado.

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