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MP reabre inquérito sobre segurança de Marçal por matar delator do PCC

Edson Raiado é investigado por ter matado ex-piloto de facção, responsável por delação premiada que ajudou em operações da Polícia Federal

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Foto de Pablo Marçal ao lado do segurança PM Edson Raiado - Metrópoles
1 de 1 Foto de Pablo Marçal ao lado do segurança PM Edson Raiado - Metrópoles - Foto: Reprodução/ Instagram

O Ministério Público de Goiás (MPGO) desarquivou, na última terça-feira (17/9), uma investigação contra o tenente-coronel Edson Raiado, acusado de ter matado o ex-piloto do PCC Felipe Ramos Morais e outras duas pessoas. O militar atualmente é segurança particular do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano.

Felipe, que foi vítima de homicídio, trabalhou para a facção criminosa de São Paulo, mas fechou acordos de delação premiada depois de sua prisão em 2012. As informações do piloto embasaram pelo menos quatro operações da Polícia Federal contra o tráfico de drogas. Por causa disso, Felipe era ameaçado pelo PCC.

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Ex-piloto do PCC, Felipe foi morto em ação policial

Na manhã de 17 de fevereiro de 2023, o tenente-coronel Edson e o major Renyson Castanheira Silva invadiram uma fazenda em uma área rural entre Abadia de Goiás e Goiânia e mataram a tiros o piloto Felipe, o gerente Nathan Moreira Cavalcante, de 21 anos, e o mecânico Paulo Ricardo Pereira Bueno, de 37.

Dos 15 tiros que mataram os três, 12 foram disparados por Edson. Os policiais alegam que revidaram após serem recebidos a tiros. Eles dizem que foram até a fazenda após uma denúncia anônima de tráfico de drogas. Os PMs apresentaram três armas e cerca de 5 kg de cocaína como sendo do trio morto.

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Retomada da investigação

A investigação contra os oficiais Edson e Renyson foi arquivada em junho, considerando que houve legítima defesa, já que não havia provas do contrário. No entanto, um novo laudo da Polícia Científica mostrando que não havia sinais de pólvora no corpo da vítima Felipe provocou a retomada da investigação.

Em despacho desta semana, o promotor do MPGO Luís Guilherme Martinhão requisitou várias diligências para a Polícia Civil de Goiás: ouvir novas testemunhas, extrair dados de celulares, novos exames de vestígio de sangue e de impressão digital nas armas apreendidas.

O promotor ainda pede complementações no laudo cadavérico, fotos de melhor qualidade dos laudos de morte violenta e da reconstituição. Por fim, ainda é orientado que o Samu seja oficiado, para informar mais detalhes do atendimento médico nos baleados pela PM.

Familiares e amigos das vítimas contestaram a versão policial, destacando que Nathan e Paulo não tinham antecedentes criminais. No caso de Felipe, apesar do passado de envolvimento com a facção paulista, conhecidos dizem que ele levava uma vida honesta depois de se tornar um colaborador da polícia. Além disso, o piloto só realizou funções burocráticas na organização criminosa, segundo o Ministério Público do Ceará em investigação de 2018.

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Nathan Moreira, de 22 anos, foi morto em ação policial

Uma segunda investigação da polícia que não encontrou indícios de ligação entre os três mortos e traficantes de drogas, mesmo após quebra de sigilo dos dados dos celulares deles, fortaleceu a versão dos familiares.

Agiria da mesma forma

Edson Raiado costuma usar suas redes sociais para rebater reportagens sobre o caso da morte do piloto Felipe. No final de agosto ele escreveu:

“Se eu pudesse voltar atrás , agiria da mesma forma para defender minha vida e dos meus policiais, agimos em legítima defesa e estamos a disposição da Justiça para qualquer esclarecimento”.

Após uma reportagem do Metrópoles que abordou o caso em junho, Raiado também respondeu pela sua página no Instagram: “Eu sou um homem honrado que me coloco todos os dias à disposição da sociedade de bem. Quando ao bandido, esse sim será tratado de acordo com os rigores da lei”, escreveu ele na ocasião.

Edson ganhou notoriedade por ser o policial responsável pela morte do bandido Lázaro Barbosa, em junho de 2021, no Entorno do DF, após 20 dias de perseguição. Na época, ele era chefe da equipe de segurança pessoal do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Depois do caso Lázaro, o policial escreveu um livro sobre a operação e se envolveu em diversas polêmicas.

Quando Raiado comandava as Operações de Divisas, membros do grupo de policiais gravaram um vídeo dele defendendo a execução de testemunhas. Já em 2022, quando foi candidato a deputado federal pelo PROS, o policial gravou um vídeo publicitário com uma máscara de caveira preta e um facão. A Justiça mandou retirar o material do ar.

A reportagem entrou em contato com ele novamente por mensagem nesta quinta-feira (19/9), mas não houve retorno até a publicação. O espaço segue aberto.

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