MP quer saber se estado foi negligente com saúde mental de vigia
“Haverá um inquérito civil para analisar o acompanhamento desse caso desde 2014 até 2017”, afirmou o promotor Jorge Victor Cunha Barreto
atualizado
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O Ministério Público do Estado de Minas Gerais vai instaurar inquérito civil para investigar se houve negligência do município de Janaúba e do estado de Minas Gerais no acompanhamento do vigia Damião Soares dos Santos, de 50 anos, que trabalhava como vigia de uma creche e ontem (5/10) ateou fogo em crianças no local, deixando nove mortas. O MP quer saber se foi identificada, com antecedência, a necessidade de acompanhamento psicológico ao vigia e se ele teve acesso a algum tratamento.
Além das nove crianças, uma professora e o vigia – que ateou fogo em si mesmo após cometer o crime – também morreram. A creche, que fica no bairro Rio Novo, é pública e recebe crianças de zero a 6 anos.
“Tem um inquérito policial hoje que não tem como finalidade prender ninguém, mas dar uma resposta. Todo mundo quer saber por que esse sujeito praticou um ato de tamanha barbaridade. Só que não é suficiente essa resposta do ponto de vista penal, do ponto de vista criminal”, acrescentou.
Segundo o prefeito de Janaúba, Isaildon Mendes, Santos era vigia noturno na creche, desde 2008, e não tinha contato algum com as crianças. O expediente dele começava após elas deixarem a escola e terminava antes de chegarem. Ele havia acumulado férias de três meses e tinha acabado de voltar a trabalhar. Trabalhou na segunda-feira e faltou na quarta-feira.
A diretora da instituição ligou para ele perguntando se estava tudo bem e ele disse que sim. “Não tinha motivo para suspeitar de tragédia. Ele pediu para entrar para entregar um atestado médico. Nenhuma autoridade poderia imaginar que isso pudesse acontecer”, diz.
De acordo com Mendes, durante todo período em que o vigia trabalhou na creche, não houve reclamações ou indícios de comportamento que demonstrasse algum desequilíbrio emocional.
O delegado responsável pelo Departamento Regional da Polícia Civil, Renato Nunes, explicou ainda que Santos tinha uma mini fábrica de picolé e que o álcool era usado como insumo para resfriar o produto. Portanto, ter uma grande quantidade do produto em casa não seria suspeito. “No momento da ação, ele tinha consciência do que estava cometendo, não estava surtado, ele estava em sã consciência”, disse. “Foi imprevisível, um fato isolado que aconteceu, com acontece em outros países, infelizmente. É a mente humana. Não pudemos evitar”.