MP pedirá novo julgamento para réu absolvido por morte de radialista
O PM Djalma Gomes da Silva é acusado de participação no crime e foi absolvido; ele seria um dos articuladores do assassinato
atualizado
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Goiânia – O Ministério Público de Goiás (MPGO) solicitará um novo julgamento para o réu absolvido no julgamento do caso da morte do radialista e cronista esportivo Valério Luiz (foto em destaque). O sargento reformado da Polícia Militar Djalma Gomes da Silva, acusado de participação no planejamento e execução da vítima, foi absolvido, em júri que terminou na noite dessa quarta-feira (9/11), após três dias de duração.
Djalma era acusado de ser um dos articuladores do assassinato. De acordo com os promotores Renata de Oliveira Marinho e Sousa, José Carlos Miranda Nery Júnior, Maurício Gonçalves de Camargos, Sebastião Marcos Martins, que atuaram na acusação, além do advogado Valério Luiz de Oliveira Filho, que atuou como assistente de acusação, o órgão entrará com recurso junto ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), para recorrer da decisão. Segundo eles, há provas claras da participação de Djalma no crime e sua absolvição mostra uma incoerência dentro do julgamento.
Conforme o MPGO, os promotores devem avaliar se também vão recorrer das penas dos outros quatro condenados: o empresário Maurício Borges Sampaio (condenado a 16 anos de prisão); Ademá Figuerêdo Aguiar Filho (16 anos de prisão); Marcus Vinícius Pereira Xavier (14 anos de prisão), e Urbano de Carvalho Malta (14 anos de prisão). O primeiro por ser o mandante do assassinato e os outros três por participarem do planejamento e execução do crime.
Eles foram condenados pelo planejamento e execução do homicídio, praticado a tiros à luz do dia, logo após o cronista esportivo sair da rádio onde trabalhava, em Goiânia. O crime foi na tarde de 5 de julho de 2012, em região nobre da cidade.
Dificuldades do julgamento
Durante coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (10/11), Sebastião Marcos Martins relembrou os 10 anos que o processo levou para chegar ao julgamento de fato. O promotor elogiou o trabalho da Polícia Civil durante as investigações e também o empenho da família da vítima em não deixar que o caso caísse no esquecimento. “Só esse ano foram quatro sessões tentadas de júri”, pontuou. “Agora, o resultado do julgamento, apesar de positivo, não nos atendeu totalmente, já que houve uma absolvição”, enfatizou o promotor.
As dificuldades em todo o processo também foram destacadas pela promotora Renata de Oliveira Marinho e Sousa. Segundo ela, houve clara provocação por parte da defesa em criar situações para tumultuar o julgamento. “Só no STJ foram oito recursos apresentados. Todos os pontos desse processo foram alvo de algum tipo de recurso”, lembrou. Confiando no peso de todas as provas colhidas, a promotora acredita que mesmo que haja recursos por parte da defesa dos acusados haverá ponderação das instâncias superiores da Justiça.
Tentativa em vão
Antes do início do julgamento, a defesa de Maurício Sampaio entrou com um habeas corpus preventivo e com um pedido para tirar o julgamento da capital goiana para o interior do estado de Goiás. Até ali, o júri já tinha sido adiado quatro vezes.
O crime teria sido motivado pelas críticas recorrentes que ele fazia à diretoria do Atlético Goianiense. Maurício Sampaio, que já foi presidente do clube, era vice-presidente à época.
O acusado seguia como dirigente da agremiação pelo menos até a última eleição, ocorrida em setembro deste ano.
Réus
Conforme as investigações, Sampaio foi o mandante do crime. Já o funcionário dele, Urbano de Carvalho Malta, teria auxiliado na contratação de outras pessoas para executar o crime. Ele inclusive teria monitorado os últimos passos do radialista e estava morando em uma casa de Sampaio perto da rádio em que a vítima trabalhava.
O açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier, que atualmente mora em Portugal, era acusado de ter emprestado a moto e capacete para o cometimento do crime, além de guardar a arma. Já o policial militar Ademá Figueiredo era acusado de executar o jornalista a tiros. Depois, ele fugiu em uma motocicleta. Já o policial Djalma da Silva era acusado de tentar atrapalhar as investigações.
Adiamentos
O primeiro adiamento do júri popular ocorreu em abril de 2019, quando o então juiz Jesseir Coelho de Alcântara alegou falta de estrutura para realização do julgamento. Na época, o magistrado alegou que a precariedade de dormitórios para os jurados, falha no fornecimento de alimentos, falta de cadeiras confortáveis e espaço limitado seriam motivos para o adiamento.
O júri foi remarcado para 2020, mas precisou ser novamente adiado. Desta vez, por causa da pandemia da Covid-19. Já em 2021, o julgamento foi adiado após uma troca repentina de advogados solicitada pelo cartorário Maurício Sampaio.
Em junho deste ano, o julgamento foi novamente adiado depois que um jurado passou mal durante a madrugada e saiu do hotel em que estava isolado, de acordo com o juiz Lourival Machado. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), o mal-estar e a falta de condições para esse jurado participar da sessão foram constatados, já em plenário, por médico da instituição.