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MP Militar denuncia ex-sargento da FAB preso com cocaína e mais 6 suspeitos por tráfico

Manoel Silva Rodrigues, preso em 2019 em um avião da FAB, na Espanha, e outros 6 suspeitos vão responder por lavagem de dinheiro

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Manoel Silva Rodrigues foi flagrado após desembarque em avião de apoio da comitiva do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com 37 quilos da droga
1 de 1 Manoel Silva Rodrigues foi flagrado após desembarque em avião de apoio da comitiva do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com 37 quilos da droga - Foto: Reprodução

A Procuradoria de Justiça Militar em Brasília ofereceu denúncia contra um ex-sargento e dois sargentos da Aeronáutica, além de quatro civis, pelo envolvimento nos crimes de tráfico internacional de drogas, associação ao tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.

Entre os denunciados está o ex-militar Manoel Silva Rodrigues (foto em destaque), preso em 2019 com 39 kg de cocaína em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), no aeroporto de Sevilha, na Espanha. Ele fazia parte da comitiva de 21 militares que acompanhava a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Tóquio, no Japão, onde participaria de reunião do G20.

Além de Rodrigues, foram denunciados os sargentos Jorge Luiz da Cruz Silva e Márcio Gonçalves de Almeida, e os civis Wilkelane Nonato Rodrigues, Marcos Daniel Penna Borja Rodrigues Gama, Márcio Moufarrege e Michelle Tocci, apurou o Metrópoles.

De acordo com investigações do Ministério Público Militar (MPM), restaram comprovadas a materialidade e as respectivas autorias delitivas dos denunciados, que, agindo livre e conscientemente, associaram-se para a prática de tráfico nacional e internacional de drogas com uso de aeronave e pessoal da FAB.

Rodrigues, em duas oportunidades (30/04/2019 e 25/06/2019), teria transportado uma quantidade considerável de substância entorpecente para a Espanha, com destino às cidades de Madrid e Sevilha, respectivamente, e foi preso em flagrante delito na segunda ocasião.

“Elementos probatórios carreados aos autos demonstram que a esposa do sargento participou dessa empreitada criminosa desde as suas tratativas iniciais. A atuação criminosa, como demonstrado nos autos, foi uma tentativa do casal para que dispusessem de uma melhor condição financeira”, detalhou o Ministério Público Militar.

As provas obtidas inicialmente por meio do casal levaram à identificação do responsável pelo “recrutamento” do sargento para realizar o tráfico de entorpecentes em aviões da FAB, um 2º Sargento da Aeronáutica, também denunciado, que atuava como intermediário dos verdadeiros donos do entorpecente, os civis, igualmente inseridos na denúncia.

O outro militar denunciado por associação ao tráfico também manteve contato com os demais envolvidos no esquema.

Um dos civis denunciados, segundo a investigação, é o responsável por entregar ao ex-sargento o entorpecente transportado para a Espanha nas duas oportunidades. Ele possui histórico de envolvimento com o tráfico de drogas, enviando entorpecentes à Europa em aeronaves comerciais por meio de terceiros. Também foi rastreado relacionamento dele com o 2º sargento denunciado por associação ao tráfico.

O exorbitante retorno financeiro de sua atuação no tráfico ilícito de entorpecentes resta comprovado pela aquisição de diversos imóveis e cotas sociais de empresa em valores incompatíveis com a sua renda lícita.

“Verificou-se ainda o estreito vínculo entre este civil e os outros dois civis denunciados, um deles referenciado em investigações policiais da Polícia Civil do Distrito Federal como ‘Barão do Ecstasy’, já denunciado por tráfico internacional de entorpecentes, mas absolvido. Os elementos probatórios ainda trazem evidências de que existe uma relação negocial espúria entre os dois, que envolve inclusive eventos na Europa”, acrescenta o MPM.

O terceiro civil denunciado já foi preso e condenado por tráfico ilícito de entorpecentes na modalidade transnacional, enviando cocaína para Amsterdã, na Holanda, e comprando Ecstasy para depois distribuir nesta capital.

Método

Provas obtidas na investigação indicam que a associação entre os três civis denunciados iniciou-se há muito tempo. Não surgiu para transportar entorpecentes por meio de aeronaves militares. “Esse método de transporte do entorpecente surgiu para eles como uma oportunidade de transporte mais segura, por insuspeito, aproveitando-se da deferência concedida pelos estados estrangeiros às comitivas oficiais de autoridades públicas brasileiras quando em viagem ao exterior”, explica o parquet.

Essa associação, acrescenta o promotor que assina a denúncia, tinha objetivos mais amplos, não se limitando à utilização de “mulas” militares e das aeronaves oficiais.

“As condutas por eles praticadas extrapolavam as questões logística de transporte, compreendendo desde a negociação para aquisição do entorpecente, perpassando pela internação da droga no Brasil, até a negociação/venda do entorpecente na Europa. Não se pode olvidar, dentre essas condutas, diversas transações financeiras decorrentes dessas práticas (pagamentos, transferências, câmbio, etc), algumas inclusive se adequando ao tipo penal de lavagem de dinheiro (objeto de investigação própria)”.

Diante da comprovada utilização e ocultação dos valores recebidos pelo ilícito cometido, o MPM requereu ainda o sequestro dos bens do casal (veículo GM CRUZE, motocicleta Honda e imóvel em Taguatinga Norte, Brasília-DF). Essa é uma medida assecuratória que objetiva possibilitar a perda desses bens em prol da União (Fazenda Nacional).

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