MP já recebeu 330 denúncias de abuso sexual contra João de Deus
Em São Paulo, foram 252 relatos encaminhados aos promotores e, em Goiás, mais 78 casos nas últimas 48 horas
atualizado
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Subiu de 40 para 78 o número de denúncias de violência sexual contra o médium João de Deus, enviadas ao Ministério Público de Goiás (MPGO) por e-mail. Ou seja, em menos de 24 horas, o total de vítimas praticamente dobrou. O balanço é referente até as 11h desta terça-feira (11/12). Em São, Paulo, são mais 252, resultando em, pelo menos, 330 casos.
As mulheres encaminharam seus relatos por e-mail e pelas redes sociais para os promotores dos dois estados. Entre elas, está uma moradora de Valparaíso (GO), no Entorno do DF. Encorajada por outras vítimas, a dona de casa de 41 anos decidiu denunciar o caso quase duas décadas depois de ter sido abusada pelo líder espiritual, durante uma visita à Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO).
“Encaminhei um e-mail para o Ministério Público de Goiás ontem [segunda-feira,10] e penso em ir pessoalmente também. Agora, vou até o fim. Quero que ele pague pelo mal que fez”, disse a mulher ao Metrópoles, na manhã desta terça-feira (11).
Além de vítimas de Goiás, o MPGO recebeu relatos, por e-mail, de moradoras de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Mato Grosso. Elas denunciam abusos e estupros. Todas estão sendo orientadas a procurarem o Ministério Público de seu estado, que ficará responsável pela coleta de depoimentos. Em seguida, as provas serão enviadas para força-tarefa do MPGO, que conta com cinco promotores de Justiça e duas psicólogas.
Nesta terça (11), os promotores estão se dedicando exclusivamente ao atendimento à população e à interlocução com os coordenadores dos centros de apoio operacional criminal dos demais estados.
O Ministério Público de São Paulo também criou uma força-tarefa com seis promotores e uma equipe de apoio para apurar denúncias de abusos sexuais contra o médium João de Deus. Famoso por ter recebido celebridades nacionais e internacionais, o líder espiritual atende há mais de 40 anos em Abadiânia (GO), no Entorno do Distrito Federal.
Os depoimentos começam a ser colhidos nesta terça (11). Três mulheres serão ouvidas por dia até sexta-feira (14). O órgão entra em recesso, e as oitivas retornam em 7 de janeiro. A promotora Maria Gabriela Prado Manssur, disse que um grupo de 200 mulheres se manifestou sobre abusos praticados pelo médium. Além disso, foram recebidos, apenas nessa segunda (10), 12 relatos por e-mail e 40 via redes sociais em São Paulo. Todas as vítimas serão ouvidas em sigilo e não terão as identidades divulgadas.
Os casos acontecidos fora de Goiás serão julgados no local da ocorrência do fato. “O Ministério Público está criando mecanismos para facilitar as denúncias dessas mulheres e meninas, e encaminhar para os promotores de onde elas moram”, disse a promotora de Justiça do Núcleo de Gênero do Ministério Público, Valéria Scarance.
As promotoras reforçam que as mulheres não devem se intimidar por temer falta de punição. “Pela lei, a palavra da vítima é prova, é reconhecida como meio de prova e tem especial relevância nos crimes de natureza sexual. Pode levar a uma condenação”, disse Valéria. “Você percebe que é uma narrativa com verdade e sede de justiça”, acrescentou Maria Gabriela.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também vai receber denúncias de vítimas de crimes sexuais praticados pelo médium João de Deus. Os registros poderão ser feitos pessoalmente na sede da instituição, no Eixo Monumental, ou por meio da ouvidoria, que fará o encaminhamento ao MPGO.
O advogado Alberto Toron, representante do médium, informou que seu cliente nega as acusações e as recebe com indignação. A defesa diz que ele se apresentará à Justiça e lembra que a maioria dos atendimentos feitos são abertos e coletivos, diante de um grande número de pessoas.
Denuncie
Em São Paulo, o e-mail para denúncias é somosmuitas@mpsp.mp.br
Em Goiás, as vítimas podem encaminhar seus relatos para denuncias@mpgo.mp.br
As vítimas podem procurar o MPGO por e-mail, pelos telefones (62) 3243-8051 e (62) 3243-8052, ou presencialmente.
Com informações da Agência Brasil