MPF investiga teste com proxalutamida em hospital militar do RS
Medicamento já entrou no radar do governo federal, apesar de pesquisas ainda não terem sido publicadas em versão pré-print
atualizado
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O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul abriu inquérito civil para apurar possível ensaio clínico clandestino com proxalutamida em tratamento de pacientes com Covid-19. A droga — um bloqueador de androgênio, hormônios sexuais masculinos, que vem sendo testado para tratar câncer de próstata e de mama — entrou no radar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apesar de pesquisas ainda não terem sido publicadas em versão pré-print. A informação é do O Globo.
O caso foi revelado nesta terça-feira (24/8) pelo portal gaúcho O Matinal. Segundo a publicação, um grupo de pesquisadores liderado pelo endocrinologista Flavio Cadegiani, que tem como braço-direito o infectologista Ricardo Zimerman, teria feito testes sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), responsável por permitir pesquisas clínicas com seres humanos. Cerca de 50 pacientes internados com Covid-19 no hospital da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, teriam recebido os comprimidos de proxalutamida durante o tratamento.
A investigação foi aberta no último dia 13, com base em uma representação sigilosa.
Em um post feito no Twitter no último dia 18, o endocrinologista prometeu resultados “em breve” e escreveu que o grupo ignorou o que eles chamaram de “entraves e burocracias inadequadas”.
“Decidimos que entraves e burocracias inadequadas não podem atrasar ainda mais a divulgação e publicação de resultados de grande importância para saúde pública mundial, em plena pandemia”, escreveu. “Determinados tipos de deficiências das instituições não podem frear o avanço da pesquisa estritamente ética e inclusive mandatária do ponto de vista moral, tendo em vista os resultados”.
Proxalutamida
O laboratório Applied Biology e a rede de hospitais Samel, do Amazonas, começaram a divulgar os resultados de uma pesquisa feita com o medicamento proxalutamida contra a Covid-19. O remédio foi testado em 590 pacientes do estado e, de acordo com os responsáveis pelo estudo, conseguiu diminuir o tempo de hospitalização em até 70% e a quantidade de mortes em 92%.