MP investiga suposta aplicação de 3 doses de vacina a 13 médicos em GO
Estado diz que responsabilidade é do município; apuração do MP analisa se houve aplicação indevida ou erro de registro no sistema do SUS
atualizado
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Goiânia – Ao menos 13 casos de médicos de Goiânia estão sendo investigados por terem registro de três doses de imunização contra a Covid-19, em seus cartões de vacina virtuais, em aplicativo do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) apura as denúncias.
O secretário estadual de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, adiantou ao Metrópoles, nesta terça-feira (16/3), o número exato de casos de médicos que são investigados por terem registro de doses da vacina a mais do que o recomendado.
“Tem 13 casos de médicos que estão sendo investigados por terem tomado três doses”, afirmou Alexandrino. Segundo ele, duas teriam sido cadastradas em hospitais em que os profissionais trabalham e outra no Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego).
Dúvidas
A superintendente estadual de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim, confirmou que os casos estão sendo investigados pelo MPGO, mas, segundo ela, são de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), responsável pelas doses na capital.
“O município vai ter que verificar onde a pessoa tomou, quem aplicou, se foi erro de digitação ou se a pessoa foi acrescentada [no cadastro do SUS] por outro motivo”, explicou a superintendente. “Foi feita vacinação fora de unidade de saúde, em conselhos profissionais. Então, isso pode ter gerado problemas”, afirmou.
De acordo com Amorim, o aplicativo do Ministério da Saúde (MS) compila os dados de vacinação da própria base do Plano Nacional de Imunizações (PNI). “Então, mesmo que aconteça de tomar a dose em um lugar e, depois, tomar nova dose em outro, [o sistema] consegue puxar esse registro, independentemente de onde estiver”, acrescentou ela.
Duas hipóteses
As investigações devem focar em uma apuração específica de duas hipóteses principais. “Pode acontecer que de ter feito mais de um registro sem perceber, mas está sendo investigado para saber se foi aplicação indevida ou se foi erro de registro”, disse a superintendente.
A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SESGO), segundo Amorim, já havia realizado um mapeamento de risco da campanha de vacinação para prever possíveis problemas. “Nesse mapeamento, levantou-se o possível risco de situações como essa, ou de fura-filas ou interferência. “Toda situação suspeita, o MP está acompanhado com a gente”, afirmou.
Providências
O Cremego informou que apenas sediou a aplicação da vacina nos dias 3 e 4 de fevereiro. Segundo a entidade, toda a responsabilidade pela triagem, aplicação e registro das doses foi a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia.
Em nota, a SMS disse que houve um erro na digitação dos dados no Sistema do Programa Nacional de Imunizações da Covid-19 (SI-PNI-Covid-19) do Ministério da Saúde. “A correção do erro já foi enviada ao MS, responsável pela exclusão do registro da dose da vacina covishield/fiocruz não recebida”, afirmou em um trecho.
A resposta da secretaria municipal diz, ainda, que não haverá prejuízo aos profissionais envolvidos nem a outras pessoas. “Reforçamos que isso não vai prejudicar os profissionais, nem a quantidade de doses disponíveis na secretaria’, destacou, reforçando que a terceira dose “nunca foi aplicada”.
Em Goiânia, também são investigados casos de simulação de aplicação de vacinas a idosos. Uma das enfermeiras chegou a confirmar ao MP que de fato não aplicou o imunizante na paciente.