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MP investiga morte de veterinária por doença da urina preta

Priscyla Andrade, de 31 anos, foi vítima da Síndrome de Haff, mal rara causada pelo consumo de peixe contaminado

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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou uma investigação para apurar a morte da médica veterinária Priscyla Andrade, de 31 anos, que faleceu após ser diagnosticada com Síndrome de Haff.

Priscyla e a irmã, a empresária Flávia Andrade, de 36 anos, ingeriram o peixe arabaiana e tiveram graves sintomas horas após a ingestão.

A primeira audiência da investigação foi realizada na quarta-feira (10/3), com órgãos sanitários estaduais e federais, além de representantes dos setores de pesca e alimentação. Segundo o G1, o inquérito também foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF).

Além de investigar a morte da médica veterinária, o inquérito também tem o intuito de fazer com que o governo de Pernambuco, divulgue de forma mais efetiva sobre as medidas que estão sendo tomadas pelo estado acerca da Sindrome de Haff.

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A proposta é que a força-tarefa seja estabelecida pela Secretaria Estadual de Saúde e da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro).

Há a possibilidade, segundo o MPPE, do rastreio do lote de arabaiana do Pará, consumido por Priscyla Andrade. Está previsto que o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen) envie um relatório de análise do peixe que causou a morte da veterinária.

Entenda o caso

No último dia 16, a empresária Flávia Andrade, de 36 anos, e a irmã dela, a médica veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, decidiram comprar um almoço no bairro do Pina, na zona sul da capital. Apesar de outras pessoas terem comido o peixe, apenas Flávia e Pryscila deram entrada no hospital quatro horas depois.

“Flávia fez um almoço na última quinta-feira e convidou eu e Pryscila. Além de nós, tinha o filho de Flávia, de 4 anos, e duas secretárias. Os cinco comeram o peixe, menos eu. Quatro horas depois, Pryscila enrijeceu toda, teve cãibra dos pés até a cabeça e não conseguia andar. Meu neto, de madrugada, teve dores abdominais e diarreia, e as duas secretárias sentiram dores nas costas”, contou Betânia, mãe da vítima.

Betânia relatou ainda que, apesar de terem apresentado sintomas característicos, a síndrome de Haff só foi diagnosticada no dia 20. Flávia também foi diagnosticada com Haff, mas ficou estável e foi voltou pra casa no dia 24.

Pryscila prosseguiu internada na UTI, com o estado de saúde mais delicado. Ela ficou com o fígado comprometido, os rins paralisados e com água no pulmão, de acordo com Betânia Andrade. Ela era médica veterinária e especialista em odontologia equina. Atleta de vaquejada, praticava o esporte pelo haras Maria Bonita, em Sergipe.

Síndrome de Haff

A doença de Haff está associada à ingestão de crustáceos e pescados e o principal sintoma é o escurecimento da urina, que chega a ficar da cor de café. No caso de Pryscila, aconteceu pela ingestão do peixe da espécie arabaiana.

A síndrome pode evoluir rapidamente: os primeiros sintomas surgem entre duas e 24 horas após o consumo de peixe e causa, principalmente, a ruptura das células musculares. Além da urina preta, entre os principais sinais da doença, estão a dor e rigidez muscular, dormência, perda de força e falta de ar.

A hipótese mais aceita é de que a enfermidade seja causada por alguma toxina biológica termoestável (ou seja, que não é destruída pelo processo normal de cozedura) presente em peixes de água doce e crustáceos.

A substância não altera o sabor ou a cor do alimento, o que facilita a contaminação. Alguns frutos do mar que foram consumidos por pacientes diagnosticados com a síndrome incluem espécies como o tambaqui, pacu-manteiga, pirapitinga e lagostim.

É importante que a doença seja identificada e tratada rapidamente, pois pode trazer complicações graves para o paciente, como insuficiência renal, falência múltipla de órgãos e óbito.

Outra possível consequência do problema é a síndrome compartimental, que ocorre quando existe um aumento da pressão arterial numa parte específica do corpo, o que pode colocar em risco os músculos e nervos dessa região.

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