metropoles.com

MP investiga ameaças de morte a padre da Pastoral do Povo de Rua

Mais de 250 entidades, advogados e ativistas de direitos humanos denunciaram postagens no Facebook com ofensas e ameaças a Julio Lancelotti

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
padre julio lancellotti
1 de 1 padre julio lancellotti - Foto: Reprodução

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE/SP) abriu uma investigação para apurar ameaças de morte contra o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua nas redes sociais. A apuração foi instaurada após o órgão receber, na terça-feira (20/3), uma representação assinada por advogados e entidades defensoras dos direitos humanos apresentando a queixa.

O documento, que é assinado pelo arcebispo metropolitano de São Paulo, d. Odilo Scherer, tem o apoio mais de 250 entidades, advogados e professores, e contém imagens de posts no Facebook com ofensas e ameaças de morte direcionadas ao padre.

O texto fala sobre a atuação de Lancellotti há mais de 30 anos com a população de rua e demonstra “preocupação com a integridade física tanto dos moradores de rua como dos que dispensam especial cuidado a essas pessoas, como é o caso do padre Julio Lancellotti”.

Lancellotti diz que os comentários agressivos aumentaram nos últimos dias. “Esta hostilidade sempre existiu, mas se intensificaram na sexta-feira retrasada (9), quando foi feita a higienização do Parque da Mooca [SP]. A partir dessa operação, escreveram ‘morte ao padre Júlio’, xingaram, ofenderam, disseram ‘temos de achar o ponto fraco dele’. É uma articulação muito ruim, que (também) ofende os moradores de rua”, diz o texto.

O padre afirma que houve uma articulação em grupos fechados, também em redes sociais, que desencadeou as ofensas em sua página. “São grupos articulados que criminalizam a população de rua. Eles querem me destruir para que essa população não tenha mais apoio. Muitas vezes, quando está tendo alguma ação, eu fotografo, filmo e denuncio”, explica.

Ele critica as operações de limpeza urbana que se deparam com pessoas em situação de rua. “A prefeitura [de São Paulo] tem uma portaria, mas não a obedece. A GCM (Guarda Civil Metropolitana), a Polícia Militar e a Inova (empresa contratada para fazer a limpeza da cidade) são muito truculentas”, sustenta o religioso.

O padre se refere ao decreto 57.581/17, com as orientações para as operações de zeladoria, cujo texto é uma atualização de decreto da gestão Fernando Haddad (PT), que impedia a retirada de itens como colchões e moradores de rua – isso foi suprimido no novo texto.

Sem demonstrar tensão, Lancellotti diz não temer que as ameaças saiam do ambiente virtual. “Ligam na Paróquia São Miguel Arcanjo e fazem ofensas, mas as secretárias são orientadas para não rebater. Não tenho medo. O que me fere é ver os moradores de rua sendo maltratados. As pessoas não podem perder o limite e conclamar a morte de ninguém. Espero que se ponha um limite e que haja uma contraonda de solidariedade”, comenta.

Outro lado
A Prefeitura de São Paulo informa que a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) intensificou ações no Parque da Mooca a partir do dia 1° deste mês para fornecer informações sobre a rede de assistência oferecida pela pasta.

“De 1º a 18 de março, foram realizadas 176 abordagens dentro do parque, sendo estas sete orientações, seis encaminhamentos para almoço e 163 encaminhamentos para vaga de pernoite em centros de acolhida”, diz nota da prefeitura.

Segundo o texto, a Secretaria Municipal de Prefeituras Regionais não recebeu denúncias sobre a ação de funcionários na região e o trabalho da GCM segue todas as medidas legais. Em nota, a Inova informou que não foi notificada sobre a situação de forma oficial: “Os fatos serão apurados a partir do recebimento da representação”.

A reportagem solicitou posicionamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública sobre a suposta conduta da Polícia Militar em ações com moradores de rua e não obteve resposta até a publicação desta matéria.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?