MP diz que oito ex-assessores de Carlos Bolsonaro tinham outro emprego
Entre os ex-funcionários, estão familiares e parentes de Ana Cristina Valle, ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
atualizado
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O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) concluiu que oito ex-funcionários do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) ocuparam funções incompatíveis com o trabalho de assessor na Câmara. As informações foram apresentadas à 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) no âmbito das investigações que apuram um esquema de “rachadinhas” e funcionários fantasmas no gabinete entre 2001 e 2019. A informação é do Jornal O Globo.
Segundo a reportagem, o órgão descobriu, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), vínculos empregatícios de parte dos funcionários fora da Câmara enquanto eram assessores, o que vai contra o regimento da Casa. “Diversos assessores […] não cumpriam o regular expediente na Casa, podendo assim ser considerados ‘funcionários fantasmas'”, sendo possível que “a remuneração de seus cargos fosse desviada pelo agente público”.
Entre os ex-funcionários do vereador que não trabalhavam somente na Câmara, estão familiares de Ana Cristina Valle, ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como o irmão e a cunhada dela, André Luis Procópio Siqueira Valle e Marta da Silva Valle.
De acordo com o Caged, André trabalhou em uma fábrica de peças de automóveis em Resende, no sul do Estado do Rio, entre outubro de 2004 e fevereiro de 2016. Ele constava como funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro nos quatro primeiros meses da empresa. Ele esteve nomeado entre agosto de 2001 e fevereiro de 2005 e, depois, retornou entre fevereiro e novembro de 2006, mês em que foi nomeado para o gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro. Ele foi exonerado em outubro de 2007.
Já Marta, professora, ficou empregada em uma creche em Juiz de Fora (MG), cidade em que morava com o marido e a filha recém-nascida, em 2005. Outros ex-funcionários da família de Ana Cristina citados pelo MP foram: Andrea Siqueira Valle, irmã; Gilmar Marques, cunhado; Ananda Priscila Mendonça de Menezes Hudson, esposa de um primo; e Monique de Carvalho Moreira Hudson, casada com outro primo.
Outro caso é o de Rodrigo de Carvalho Góes, nomeado como funcionário de Carlos entre janeiro de 2001 e junho de 2008. O Ministério Público identificou que ele trabalhou como técnico em laboratório de farmácia em um hospital na zona oeste do Rio entre maio e agosto de 2006, e como farmacêutico em duas drogarias entre novembro de 2006 e outubro de 2011. Por mais de um ano, o homem conciliou o trabalho paralelo com o cargo de assessor.
Ao Jornal O Globo, a defesa de Carlos Bolsonaro disse que não vai “comentar ou passar qualquer informação” sobre a investigação porque o processo corre sob sigilo. A defesa de Ana Cristina Valle também não quis se manifestar.