MP das apostas faz Centrão crescer o olho em ministério de Ana Moser
Ministério do Esporte entrou no alvo do Centrão; ministra Ana Moser ganhou sobrevida no cargo com a Copa Feminina de Futebol
atualizado
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A medida provisória (MP) que regulamenta as apostas esportivas fez o Centrão crescer (ainda mais) o olho para cima do Ministério do Esporte, de Ana Moser. Isso porque a MP estabelece a taxação de 18% às empresas sobre o Gross Gaming Revenue (GGR, a receita bruta dos jogos, subtraídos os prêmios pagos aos jogadores).
Desse total, 3% irão para o Ministério do Esporte, engordando o cofre da pasta. Inicialmente, estava prevista a taxação de 16%, sendo que um percentual menor, de 1%, iria para o ministério. Com o aumento do percentual, aumentou também o apetite do Centrão.
Apesar de estar no alvo, Ana Moser é bem vista dentro do Ministério da Fazenda e tida como parceira de Fernando Haddad na regulamentação das apostas esportivas.
O Metrópoles apurou que Haddad mantém apreço pelo trabalho da colega e a relação de parceria que os dois mantêm. A equipe da ministra tem boa interlocução com a pasta, que avalia como importantes as entregas feitas pelo Esporte nos quase sete meses de governo.
Moser é ex-jogadora de vôlei e vista como um perfil técnico. A pressão de siglas do Centrão cria um ambiente de instabilidade na relação, em um momento crucial para a regulamentação das chamadas “bets”. Mas há uma contemporização de que as negociações políticas podem se impor e o trabalho seguirá sendo feito independentemente de quem comandar a pasta.
Amigos, amigos, negócios à parte
Com boa articulação política, a Fazenda tenta manter uma distância segura das disputas partidárias. Haddad tem encontros periódicos com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e recebe líderes com frequência em seu gabinete.
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Ele também evita entrar em disputas legislativas, como a ordem de votação de matérias no plenário. Foi justamente um embate desse tipo que atrasou a regulamentação das apostas esportivas. Disputando protagonismo, Lira e Pacheco ainda não chegaram a um acordo sobre o rito de tramitação das medidas provisórias (MPs).
A Fazenda sempre manifestou preferência por uma regulamentação das apostas via MP, porque esse tipo de matéria tem força de lei e vigência imediata. No entanto, o impasse entre as duas Casas dificultava o avanço do tema. Antes de deixar o posto de ex-secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo conseguiu acertar com Lira o envio da MP, que deverá ser editada nos próximos dias.
A pressão sobre Moser aumentou depois que ela teria sugerido os vetos à Lei Geral do Esporte. Ela também é criticada por impor restrições para receber parlamentares.
O indicado com mais força para uma possível troca no Esporte é o deputado federal Silvio Costa Filho (PE). Embora seja do Republicanos, partido que apoiou Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, “Silvinho”, como é chamado, sempre foi alinhado a Lula.
O pai do parlamentar, o ex-deputado Silvio Costa, chegou a ser líder do governo Dilma Rousseff na Câmara, tendo sido um dos mais aguerridos defensores da petista durante o processo de impeachment, em 2016.
Outro aliado de peso
O colunista do Metrópoles Guilherme Amado relatou que Moser conta com outro aliado de peso para que fique no cargo: o ex-ministro Edinho Silva, hoje prefeito de Araraquara e padrinho da indicação da ex-atleta.
Moser ganhou sobrevida no governo graças à Copa do Mundo de Futebol Feminino, que começou na quinta-feira (20/7) na Austrália e na Nova Zelândia.
Segundo interlocutores do governo, “não pega bem” demitir uma ministra mulher, em meio a um evento internacional voltado justamente para mulheres no esporte, enquanto o próprio Brasil batalha para se firmar como país-sede de uma Copa Feminina.
Moser é hoje uma das 10 ministras mulheres do governo Lula, de um total de 37 ministros.