MP cumpre mandados de prisão e busca por manipulação de jogos do Brasileirão e estaduais
Operação deflagrada nesta terça-feira (18/4) cumpre mandados de busca e apreensão visando novas provas da manipulação de jogos
atualizado
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Goiânia – Foi deflagrada, na manhã desta terça-feira (18/4), a Operação Penalidade Máxima II, realizada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI). De acordo com o órgão, a ação visa a obtenção de novos vestígios sobre a manipulação de resultados de jogos de futebol profissional — inclusive da Série A do Campeonato Brasileiro.
De acordo com o MPGO, há suspeitas de que o grupo criminoso tenha concretamente atuado em pelo menos cinco jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022, assim como em cinco partidas de campeonatos estaduais, entre eles, os campeonatos goiano, gaúcho, mato-grossense e paulista, todos deste ano.
Foram expedidos três mandados de prisão preventiva e outros 20 de busca e apreensão em 16 municípios de seis estados. As determinações são cumpridas em Goianira (GO), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Pelotas (RS), Santa Maria (RS), Erechim (RS), Chapecó (SC), Tubarão (SC), Bragança Paulista (SP), Guarulhos (SP), Santo André (SP), Santana do Parnaíba (SP), Santos (SP), Taubaté (SP) e Presidente Venceslau (SP).
Os Gaecos dos estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o Cyber Gaeco do MP de São Paulo e do Centro de Inteligência do MP do Rio de Janeiro, além das polícias Militar, Civil e Penal de Goiás, dão apoio ao cumprimento das diligências.
Manipulação de resultados
A operação realizada nesta terça é um desdobramento da Operação Penalidade Máxima, deflagrada em fevereiro deste ano, que apurou esquema de fraude em resultados de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro.
De acordo com a ação, apenas em um dos jogos manipulados, o lucro estimado pela organização foi de R$ 2 milhões. Ainda de acordo com a ação, um atual e um ex-jogador do clube goiano Vila Nova estão entre os suspeitos. Segundo o promotor de Justiça que coordena a ação, Fernando Cesconetto, o caso foi denunciado pelo próprio time goiano.
“A investigação se iniciou em novembro de 2022 e só teve início porque os dirigentes do Vila Nova vieram até o MPGO noticiando o esquema de alteração de resultados em jogos da série B. Partiu da vítima a denúncia, que já noticiava as partidas que estavam sob suspeita”, explicou.
Na investigação, foi cumprido um mandado de prisão no estado de São Paulo e outros nove de busca e apreensão em Goiânia (GO), São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ).
Segundo o órgão, o homem preso utilizava-se de uma empresa para efetuar o pagamento aos jogadores e também usava diversos CPFs para a mesma aposta.
Partidas manipuladas
Conforme Fernando Cesconetto, a denúncia do esquema feita pelo Vila Nova Futebol Clube, de Goiânia, apontava indicações de manipulação em três partidas da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado para atender a interesses de apostadores.
De acordo com explicação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), as três partidas envolvidas foram os jogos Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Correa x Londrina.
Apesar da tentativa de manipulação e do pagamento antecipado ao jogador, na partida do Vila Nova, o pênalti não foi cometido. Nas outras duas, o evento ocorreu.
“Para a aposta dar certo, era preciso que os pênaltis acontecessem, mas no jogo do Vila Nova não aconteceu, o que gerou um prejuízo para os apostadores. Os atletas receberiam R$ 150 mil para cada, seriam pagos de R$ 10 mil de sinal e R$ 140 mil após o êxito do evento. Como no caso do Vila Nova não houve sucesso, o grupo começou a cobrar ostensivamente o jogador. […] Houve a tentativa de cooptação, um atleta ficou responsável de que outro praticasse esse pênalti, mas houve uma reação no vestiário, e não houve o cometimento da penalidade”, afirmou Cesconetto.
Esquema criminoso
A organização criminosa convencia atletas a fraudarem as partidas. Eles faziam isso, por exemplo, cometendo um pênalti no primeiro tempo dos jogos, entre outras ações.
Com essa manipulação, os participantes do esquema conseguiam dinheiro em sites de apostas e os atletas ganhavam parte dos lucros. Estima-se que cada um tenha recebido aproximadamente R$ 150 mil por aposta. O jogado do Vila investigado teria recebido um “sinal” de R$ 10 mil e receberia mais R$ 140 mil, após a fraude no jogo.
Nomeada de Operação Penalidade Máxima, a ação é encabeçada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O objetivo do trabalho desta terça foi conseguir provas contra o esquema.
Apoiaram a operação as polícias Militar, Civil e Penal de Goiás, os Gaecos de Minas Gerais e Mato Grosso, do Cyber Gaeco do Estado de São Paulo e do Centro de Inteligência do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.