Mourão: se fosse chefe de redação, desprezaria depoimento
Em reportagem, o funcionário contou que um dos suspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco foi até o condomínio de Bolsonaro
atualizado
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O presidente em exercício, Hamilton Mourão, afirmou no início da tarde desta quarta-feira (30/10/2019) que se fosse chefe de redação e tivesse acesso ao depoimento do porteiro do condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem uma casa, no Rio de Janeiro, ele desprezaria o dado.
Em reportagem do Jornal Nacional exibida na noite dessa terça-feira (29/10/2019), o funcionário contou que um dos suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018, foi até o condomínio de Bolsonaro e pediu para interfonar na residência do presidente para entrar no local.
“O fato é que as fontes comprovam que o presidente não estava no condomínio dele, estava em Brasília. Eu, na minha visão, ao chegar nesse dado, bom, ‘esse dado eu vou desprezar porque ele não corresponde à verdade’”, disse Mourão.
“Eu sou o chefe de redação, você é meu repórter”, disse ele aos jornalistas. “Você me traz esse dado e diz: ‘olha, o porteiro falou isso, mas o cara estava no Congresso nesse dia. Minha decisão, não publico, ok?”, acrescentou.
Questionado por jornalistas se sabia que o caso Marielle teria chegado no Supremo Tribunal Federal (STF) antes da reportagem ir ao ar, Mourão negou. O próprio presidente Bolsonaro comentou que já sabia desde 9 de outubro que o caso teria sido encaminhado ao Supremo.
“Eu não sabia de nada. Óbvio que esse é um assunto que deveria estar apenas na alçada do presidente e do presidente do STF. Como o presidente disse, esse inquérito corre em segredo de Justiça. O depoimento do porteiro eu considero totalmente inócuo, fraco, não tem sustentabilidade”, declarou.
Um repórter ainda perguntou se Mourão estaria reclamando da imprensa quando diz que ataques estão tentando atingir o presidente Jair Bolsonaro.
“Não foi só a imprensa. Mais pessoas que estão atacando o presidente (…). O governo ele tem que ser resiliente o suficiente pra poder aguentar os a ataques que são feitos. Esse ataque não é de boa fé”, afirmou.