Mourão diz que o “Brasil perde” com recuo de Moro sobre Ilona Szabó
Declaração vai na contramão da postura do presidente Jair Bolsonaro, que teria articulado a dispensa da cientista política
atualizado
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O vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), foi na contramão do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e avaliou como “uma derrota para o país” a desistência da indicação de Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), pelo ministro da Justiça, Sergio Moro.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Mourão defendeu a contratação da cientista política que foi exonerada por telefone devido às críticas negativas sobre a escolha do nome. Para ele, o Brasil “precisa aprender a conviver com as diferenças de opinião”.
“Eu acho que [quem] perde [é] o Brasil. Perde o Brasil todas as vezes que você não pode sentar numa mesa com gente que diverge de você”, completou ao dizer: “Nós temos que mudar isso aí”.
Na última sexta-feira (1º/3), após Moro anunciar a saída de Ilona, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) comemorou a demissão pelas redes sociais, afirmando que “o ministério respeitosamente apresenta escusas” pela cientista política.
Também filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) se manifestou contra a escolha, dizendo que a presença da cientista política era “muita cara de pau junto com uma vontade louca de sabotar”.
A respeito das declarações dos filhos do presidente, Mourão evitou culpá-los pelo recuo de Moro. “Não foi [influência dos filhos]. Ali, para mim, a minha visão é a de que houve ataque de ambos os lados”, explicou o vice. Ilona já defendeu, em outras oportunidades, posições contra os ideais do governo, como a liberação das drogas, críticas à posse de arma e posturas contrárias à redução da maioridade penal.
Ao ser demitida, a cientista política publicou nota dizendo que “o país precisa superar a intolerância para atingir nossos objetivos comuns na construção de um Brasil mais justo e seguro”.