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Mourão diz que dados sobre garimpo em terra Yanomami são “fantasiosos”

Vice-presidente afirmou que estimativa de 20 mil garimpeiros no local, divulgada por associação indígena, não é real

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Hamilton Mourão, atual vice-presidente do Brasil. Ele veste terno e gravata e tem cabelos escuros – Metrópoles
1 de 1 Hamilton Mourão, atual vice-presidente do Brasil. Ele veste terno e gravata e tem cabelos escuros – Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), afirmou, nesta quarta-feira (11/5), que os dados sobre o garimpo ilegal no território indígena Yanomami, em Roraima, são “fantasiados”.

A declaração foi dada em coletiva de imprensa concedida após a 8ª reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal (Cnal), presidido por Mourão. Questionado sobre as ações de proteção aos indígenas da região, após denúncias de estupro e desaparecimento de membros da comunidade, o Mourão afirmou que o caso está sendo investigado pela Polícia Federal.

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Mourão, que é casado com Paula Mourão e é pai de Antônio Hamilton Rossell Mourão, ingressou na carreira militar ainda na juventude. Com o tempo, foi conquistando espaço e cargos dentro do Exército
Chegou a ser instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, enviado para Missão de Paz na Angola, comandou a 6ª Divisão do Exército em Porto Alegre, cuidou de assuntos militares na embaixada do Brasil na Venezuela, foi Comandante Militar do Sul, entre outros
Chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, mas foi exonerado tempos depois. À época, a exoneração foi associada às declarações que ele fez durante palestra em clubes do Exército
Mourão nega que tenham acertado com generais possível saída de Jair Bolsonaro da Presidência
Mourão foi citado no relatório final da PF sobre inquérito do golpe
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Antônio Hamilton Martins Mourão é um general da reserva do Exército do Brasil e atual vice-presidente da República. Natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Mourão tem mostrado interesse em disputar as eleições de 2022 longe de Bolsonaro

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Mourão, que é casado com Paula Mourão e é pai de Antônio Hamilton Rossell Mourão, ingressou na carreira militar ainda na juventude. Com o tempo, foi conquistando espaço e cargos dentro do Exército

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Chegou a ser instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, enviado para Missão de Paz na Angola, comandou a 6ª Divisão do Exército em Porto Alegre, cuidou de assuntos militares na embaixada do Brasil na Venezuela, foi Comandante Militar do Sul, entre outros

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Chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, mas foi exonerado tempos depois. À época, a exoneração foi associada às declarações que ele fez durante palestra em clubes do Exército

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Mourão nega que tenham acertado com generais possível saída de Jair Bolsonaro da Presidência

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Mourão foi citado no relatório final da PF sobre inquérito do golpe

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Ainda em 2018, filiou-se ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e, após resultados das eleições no mesmo ano, foi eleito vice-presidente na chapa de Bolsonaro

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Após assumirem os cargos, no entanto, a relação de Bolsonaro e Mourão se tornou conturbada. Por diversas vezes, o presidente chamou os comentários do general de “infelizes”

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Entre as polêmicas envolvendo o nome do vice-presidente estão: comentários racistas, comemoração do “aniversário” do Golpe de 1964 no Brasil e o pedido de impeachment de Mourão feito pelo deputado Marco Feliciano em 2019, que foi arquivado por Rodrigo Maia

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O distanciamento cada vez mais claro entre Bolsonaro e Hamilton tornou evidente a ruptura da atual chapa presidencial. Desprezando o nome do atual vice-presidente para concorrer às eleições de 2022, Bolsonaro já tem ao menos outros três nomes para possível vice

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Por sua vez, Mourão tem mostrado interesse em disputar o governo do Rio de Janeiro ou do Rio Grande do Sul. Se despedindo do PRTB, o general anunciou filiação ao Republicanos em 16 de março

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“Muitas vezes esses fatos são colocados e não é tão simples da gente conseguir identificar, seja o agressor ou as próprias vítimas, pelas características da região. Esse garimpo no território Yanomami é recorrente”, disse. Em seguida, no entanto, o general afirmou que os números divulgados sobre a exploração nas terras indígenas não são verdadeiros.

“Existem alguns dados que muitas vezes são fantasiados, como aquela história de que existem 20 mil garimpeiros [na região. Nossa avaliação é que temos na faixa de 3 mil [garimpeiros], que já é um numero, vamos dizer assim, extremamente fora do que se destina a terra indígena”, afirmou.

Relatório divulgado pelo Greenpeace em junho de 2020, com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta a existência de 20 mil pessoas que exercem atividades econômicas ilegais na região.

O número é o mesmo divulgado pela Hutukara, associação Yanomami. De acordo com a organização, o dado é o segundo mais alarmante desde o final dos anos 1980, quando cerca de 40 mil garimpeiros adentraram o local.

“Há também a questão dos grupos indígenas que existem lá dentro, aqueles que querem explorar o garimpo, aqueles não querem. É uma questão que envolve uma governança bem grande, muito ligada ao problema social. É nossa tarefa de ter que proteger e assegurar os direitos dessa população. A Polícia Federal está investigando e a partir do momento que chegar o resultado da sua investigação, óbvio que será acompanhada pelo Ministério Público Federal, vamos divulgar o resultado dela”, concluiu o vice-presidente da República.

Exploração

A Defensoria Pública da União (DPU) instaurou, na última quarta-feira (4/5), um procedimento para investigar denúncias sobre um suposto estupro que teria ocorrido na Terra Yanomami em Roraima.

Contudo, após uma apuração preliminar, a Polícia Federal concluiu que são falsas as informações e que não ocorreu nenhuma violência no local, apenas um “desencontro de mensagens”.

De acordo com a PF, os depoimentos de indígenas da região e a investigação revelaram que as denúncias sobre a violência surgiram de um vídeo institucional produzido por uma ONG; um indígena assistiu ao filme e repassou a informação oralmente a um parente.

“Esse segundo indígena inferiu, a partir dos elementos que tinha, que membros de sua comunidade teriam sido vítimas da violência apresentada no vídeo. Tal fato o teria levado a entrar em contato com a liderança indígena responsável pela formalização da denúncia”, relata a PF, em nota.

Em entrevista ao Metrópoles, o diretor da Hutukara Associação Yanomami, Maurício Ye’kwana, relatou que os garimpos ilegais tornam o local de vivência dos indígenas uma terra sem lei.

“Garimpo ilegal dentro de terra indígena é um local onde não tem lei. Drogas e bebidas alcoólicas são levadas da cidade para as nossas terras e oferecidas para os jovens indígenas, que estão sendo aliciados e abusados sexualmente.”, afirmou Ye’kwana.

Na semana passada, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apresentou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) na qual defende uma ação efetiva por parte do governo federal contra a presença de garimpeiros ilegais nas terras indígenas em Roraima. O relator do caso é o ministro Luís Roberto Barroso.

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