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Mortos após imunização chegam a 19 mil. Entenda por que isso não reduz importância da vacinação

Nenhuma vacina tem 100% de eficácia em prevenir o vírus, o que reforça a necessidade de manter as medidas de restrição social

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Uma mão com uma seringa tirando o líquido da vacina de um recipiente
1 de 1 Uma mão com uma seringa tirando o líquido da vacina de um recipiente - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Não há dúvidas de que a vacinação é a grande responsável pela redução na quantidade de mortes diárias por conta da Covid-19 no Brasil nos últimos meses. A queda tem ocorrido apesar da flexibilização de diversas medidas de distanciamento social pelo Brasil ocorridas desde o início da campanha.

Entretanto, apesar do sucesso do imunizante em combater a pandemia, a morte de pessoas que já tomaram duas doses da vacina causa confusão na população. De acordo com os registros de casos do Banco de Dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave, ocorreram 19,3 mil óbitos de brasileiros cujos sintomas apareceram pelo menos 15 dias depois da aplicação da segunda dose do imunizante. O total foi calculado pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles.

O número de vacinados que terminariam como vítimas da doença é pequeno (0,02% do total) diante da quantidade de 72,8 milhões de pessoas protegidas contra a doença ou do total de mortes por conta do coronavírus, de 588,6 mil. Mesmo assim, esses dados são utilizados por ativistas antivacinas para criticar a aplicação do imunizante.

Por conta disso, é importante explicar o que se esconde por trás do número e por que utilizá-lo para criticar a vacinação contra a Covid-19 é injusto e perigoso. “Nenhuma vacina é 100% eficaz, portanto algumas pessoas podem pegar Covid-19 e, dependendo sobretudo do seu estado clínico, desenvolver a doença e infelizmente vir a falecer”, explica o médico sanitarista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Julival Ribeiro.

No caso da vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, por exemplo, essa eficácia gira em torno de 85% a 95%, e vai caindo ao longo do tempo. Essa é uma das razões pelas quais se cogita a adoção de vacinação recorrente contra a doença, como já acontece hoje com a gripe.

As condições que agravam as chances de pegar a doença e de morrer por conta dela, mesmo estando imunizado, são as mesmas que para as pessoas sem a vacina, como a idade e comorbidades, mas a possibilidade é menor para os vacinados. Isso fica bem claro quando se analisa a idade das pessoas cuja aplicação das duas doses foi confirmada.

A média de idade desse grupo é de 79 anos, com o grosso das vítimas se distribuindo entre 61 e 97 anos. “Existe um grupo de risco que são os a partir de 60 anos.  Mesmo com as duas doses, elas não respondem tão bem à proteção. Daí a recomendação para essas pessoas tomarem a terceira dose”, apontou Ribeiro.

Outro fator de risco que pode diminuir a efetividade das vacinas é o surgimento de novas cepas do vírus. “A variante Delta é muito mais transmissível e também diminuiu um pouco a efetividade de todas as vacinas”, diz Ribeiro. Por todas essas razões, a recomendação é que sejam mantidas as medidas que restringem a circulação do vírus, como o distanciamento social e o uso de máscaras de proteção.

Conjugados com o avanço da vacinação, os protocolos sanitários garantem uma redução mais expressiva na circulação da doença, protegendo as pessoas com imunidade mais baixa e também diminuindo a probabilidade de surgimento de novas variantes. Isso porque novas cepas da doença surgem a partir da multiplicação do vírus. Quanto mais casos da doença, maiores as chances de uma mutação preocupante ocorrer.

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