Morto por tiro no peito: vizinha diz que PM não socorreu menino Kevin
“Me mandaram pegar um Uber ou uma moto. Coloquei ele numa moto e levei pra UPA, mas não deu tempo”, relata Maria Cláudia
atualizado
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Rio de Janeiro – No momento em que foi atingido por um tiro que o matou, Kevin Lucas dos Santos, de 6 anos, estava sob os cuidados de uma vizinha, Maria Cláudia da Silva Medeiros, 43 anos. Segundo ela, os policiais militares que faziam ação em Queimados, na Baixada Fluminense do Rio, se recusaram a transportar o garoto para o hospital, e foi ela quem o socorreu.
“Ele é autista, gritava sentado, brincando com a minha filhinha de 3 anos. Aí, a gente escutou os tiros. No primeiro tiro, a gente viu uma menina caída. No segundo, também, outra menina. Eu botei as crianças para dentro. Nisso, que eu fui buscar ele, ele já estava no chão. O policial não deixou eu pegá-lo. Mesmo assim, eu ‘botei peito’ e peguei, mas aparentemente ele não estava com marca de tiro nenhum. Entrei no carro da polícia e pedi para levar ao hospital, mas negaram”, relata.
Segundo ela, o desespero maior era não entender o que havia acontecido com o menino, uma vez que ele não sangrou, mas estava desacordado, com os lábios brancos e revirando os olhos.
“Ele não estava com sangue. Como ele é especial, ele é hiperativo, né? Pensei: só bateu com a cabeça, está desmaiado. Entrei na viatura e falaram que só iam levar quem estava baleado. Me mandaram pegar um Uber ou uma moto. Coloquei ele numa moto e levei pra UPA, mas não deu tempo”, completa.
Maria Cláudia é moradora do Morro da Torre, em Queimados, e tem o costume de ajuda a olhar os filhos dos vizinhos quando necessário.
Ação policial
Kevin foi vítima de um tiroteio que aconteceu por volta das 15h de quinta-feira (6/1). A ação deixou outras duas meninas baleadas. Segundo familiares dos meninos, os tiros foram disparados pela PM e não havia confronto no local.
Ao Metrópoles, a mãe do menino de 6 anos, Ana Cláudia Oliveira dos Santos, 27, afirmou que o sentimento é de dor e revolta.
“Um ódio que ninguém vai trazer meu filho de volta. (…) Nada vai suprir a dor que eu estou sentindo e não vai trazer meu filho de volta. Eu quero justiça, mais nada.”
Ainda de acordo com a corporação, os policiais envolvidos na ocorrência alegam que não fizeram disparos. “A equipe relatou que desembarcou da viatura, buscou abrigo e não efetuou disparos”.