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Mortes por Covid-19 estão em queda há uma semana. Podemos ter esperança?

Alguns fatores explicam a diminuição na média móvel de óbitos por Covid-19 nos estados brasileiros

atualizado

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Jacqueline Lisboa/ Especial para o Metrópoles
CORONAVIRUS DF - Ambulancia - Enfermeiro
1 de 1 CORONAVIRUS DF - Ambulancia - Enfermeiro - Foto: Jacqueline Lisboa/ Especial para o Metrópoles

Com a queda na média móvel de mortes por Covid-19 nos últimos dias, surge a esperança de que o Brasil esteja se aproximando do fim da pandemia. Em rodas de conversa, as pessoas estão se questionando: estaríamos atingindo a imunidade de rebanho ou as medidas restritivas estão funcionando?

Sim, os índices no Brasil estão melhorando e podemos ter esperança – mas com cautela. Especialistas ouvidos pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, apontam diversas razões para a diminuição na quantidade de óbitos. Porém alertam: não podemos relaxar as medidas de segurança para que os números continuem baixando.

A média móvel de mortes por conta da doença no Brasil chegou a 679, na quarta-feira (9/9), o menor número desde 13 de maio, quando o Ministério da Saúde registrou 659,1 falecimentos. Naquela época, o coronavírus ainda estava se espalhando pelo Brasil. O gráfico a seguir mostra a trajetória do indicador. É possível perceber nitidamente a queda na média móvel depois de um longo período de estagnação em torno dos mil falecimentos diários.

Essa queda, de acordo com Claudio Maierovitch, sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Brasília, deve-se a dinâmicas próprias de circulação da doença. “A transmissão do vírus não acontece de maneira uniforme na população. Os primeiros infectados ficaram mais expostos, pois eles tiveram contato próximo com mais gente, receberam menos instruções e circularam por ambientes de maior risco”, explicou.

Essas pessoas, por terem ficado mais desprotegidas, também transmitiram a doença para mais gente. “No período inicial da epidemia, o contágio é mais rápido e intenso. Após essas pessoas ‘superconectadas’ ficarem imunes – mesmo que não seja para sempre –, a transmissão desacelera”, continuou.

O epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Jonas Brandt mostra razões adicionais. “Vimos em alguns estados que a partir de 20% a 30% de sorologia positiva na população o vírus começa a encontrar dificuldade em manter altos patamares de infecção, porque as pessoas estão adotando medidas, aumentando isolamento físico e usando máscaras”, disse.

“Alguns lugares estão conseguindo organizar as respostas à pandemia para acelerar essa queda e realmente conter o vírus. Outros estão abrindo mais e reduzindo o distanciamento físico. Isso vai fazer com que a baixa nos números seja menos acentuada – o caso do Distrito Federal”, falou.

A diferença entre as unidades da Federação é perceptível quando se compara a evolução da curva formada pela média de mortes nos últimos sete dias em cada uma delas. A grade de gráficos a seguir permite fazer essa análise.

Outro ponto levantado por Brandt é a superlotação do sistema de saúde. As unidades de saúde só conseguem testar uma parte dos pacientes internados. Além disso, existe demora no resultado laboratorial e o país não faz rastreamento de contato das pessoas que recebem diagnóstico positivo. “Para bater o martelo nessa resposta, ainda precisamos entender se realmente a epidemia está caindo ou os hospitais estão tão extenuados que começam a não detectar ou investigar, resultando em uma queda artificial”, apontou.

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