Mortes por Covid-19 entre crianças e adolescentes têm queda de 51%
Internações também diminuíram 32% entre aqueles com até 17 anos em julho, na comparação com junho
atualizado
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Em março, os óbitos e as internações entre crianças e adolescentes tiveram o seu pior momento desde o começo da pandemia no país. Foram 160 mortes e 534 internações por Covid-19 entre jovens até os 17 anos. Em julho, o cenário foi mais animador. As internações caíram 32%, e as mortes, 51%, em comparação ao mês de junho.
Dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Ministério da Saúde, apontam que as mortes nesse grupo caíram de 117, em junho, para 57, em julho. As internações foram de 457 para 308 no mesmo período.
O levantamento foi feito pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, com base nas internações e nos óbitos que atestaram positivo para o Sars-CoV-2, o vírus causador da doença. Foi considerado o período até julho, porque os dados do Sivep-Gripe possuem defasagem na atualização quando estão ainda recentes.
Desde março, a faixa etária registrou internações quase em uma constante, com poucas quedas entre os meses. Em julho, a quantidade de jovens internados diminuiu, atingindo o nível mais baixo desde dezembro do ano passado.
Veja, no gráfico abaixo, a evolução das internações entre crianças e adolescentes:
As mortes decorrentes da Covid-19 também tiveram queda, segundo os dados. Até o fim de junho, mais de 100 jovens morriam mensalmente vítimas da doença. Em julho, o número despencou e registrou o menor patamar desde novembro de 2020.
Veja, no gráfico abaixo, a evolução nos óbitos:
O presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marco Aurélio Sáfadi, afirma que a tendência de queda é vista também entre outras faixas etárias. O especialista, entretanto, alerta para o avanço da Delta, variante mais transmissível da Covid-19, entre aqueles que ainda não estão vacinados, principalmente os menores de 17 anos.
“Estamos vendo o aumento dos casos da variante Delta, e, apesar da melhora que estamos apresentando no geral, é importante que a vacinação também chegue nesta faixa etária, para que ela também esteja protegida, principalmente caso tenhamos algum rebote da doença, como tivemos este ano”, explica Sáfadi.
Epidemiologista e assessora técnica sênior da Vital Strategies, Fatima Marinho chama a atenção para a crença de que crianças são imunes ao vírus e não “pegam Covid”.
“O principal fator que leva a esses óbitos é a pneumonia, principalmente entre bebês. Em comparação a outras faixas etárias, eles morrem menos, mas nem por isso não devem estar protegidos e vacinados. Não é porque a criança tem um risco menor (de contrair o coronavírus) que o risco é zero”, ressalta Marinho.
Nas últimas semanas, diversas cidades deram início à vacinação do público mais novo, com menos de 18 anos. Atualmente, somente o imunizante da Pfizer pode ser aplicado em menores de 18 anos no Brasil. Trata-se da única vacina aprovada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicada nesse grupo.
A aplicação da terceira dose nos idosos, anunciada pelo Ministério da Saúde na última quarta-feira (25/8), pode, no entanto, prejudicar a imunização do público mais jovem em todo o país. Em entrevista na quinta (26), o secretário-chefe da Casa Civil do Distrito Federal, Gustavo Rocha, ressaltou que o atraso pode acontecer.
“Tudo vai depender da quantidade de doses que vamos receber. Pode ser que, de alguma forma, afete a vacinação de adolescentes. Vamos fazer todos os esforços para que esse impacto seja o menor possível”, ressaltou o secretário em entrevista coletiva, repetindo uma preocupação vista em todo o país pelos gestores estaduais.
Dois dias após abrir a vacinação contra a Covid-19 para adolescentes com 17 anos, o DF já imunizou metade desse público. Segundo informações do secretário-chefe da Casa Civil do DF, das 48 mil pessoas nessa faixa, 24,4 mil receberam a imunização.