Morte após salto alterou a rotina do paraquedismo em Boituva (SP)
Morte de Andrius Pantaleão, no dia 19, fez com que a polícia pedisse a suspensão da atividade esportiva na região; caso é investigado
atualizado
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A cidade de Boituva, no interior de São Paulo, conhecida como a capital do paraquedismo, teve um grande impacto econômico desde a suspensão judicial da atividade esportiva, após a morte de um aluno no último dia 19. De acordo com o prefeito do município, Edson Marcusso, restaurantes tiveram uma queda de 50% no movimento e hotéis, de cerca de 70%.
O turismo na região é fortemente alavancado pelo paraquedismo. Ao todo, ele é responsável por um terço da economia da cidade. Segundo o presidente da Confederação Nacional de Paraquedismo, Uellinton Mendes de Jesus, cerca de 2 mil saltos são feitos na região por semana, e comércios locais contam com as atividades para vender.
“É muito difícil ouvir do dono de uma padaria que diminuiu bastante a venda dos pães porque não tem atletas na cidade. É aí que você começa a sentir o tamanho do impacto. A padaria vende pães para as escolas de paraquedismo e para hotéis. Os restaurantes têm impacto, porque as pessoas não vão para lá mais. Nós deixamos de nos integrar na cidade, de gastar dinheiro por lá”, explica Uellinton ao Metrópoles.
A morte de Andrius Pantaleão, de 38 anos, – que teve problemas no salto e caiu em queda livre por cerca de dois mil metros, atingindo uma residência – levou o delegado Emerson Jesus Martins a pedir à Justiça a suspensão dos saltos. De acordo com ele, há problemas no esquema de segurança implementado em Boituva.
Entidades e suas regras
Na visão de Uellinton, as múltiplas entidades criadas ao longo dos anos e suas diferentes regras trouxeram o esporte na cidade para a situação que vive hoje: “Não podemos deixar jamais o dinheiro se sobrepor à segurança. Quando você tem uma demanda muito alta, é necessário colocar o pé no freio”.
“Estamos conversando com todas as entidades de paraquedismo para editarmos uma lei municipal que obviamente não pode ser mais branda do que a regulamentação oficial de Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e outros órgãos correlatos, mas que faça com que exista uma fiscalização do município. Isso cabe aos órgãos federais que regulamentam, então uma legislação municipal nos daria mais condições de acompanhar a obediência das regras que já existem”, afirma o prefeito.
“Exagero”
Para Marcusso, a paralisação trouxe uma mudança radical à rotina da cidade, e, apesar de afirmar que medidas mais rígidas de segurança devem ser implementadas, considera precipitada a situação imposta pela Justiça.
“Você tem que apurar o que aconteceu, ser rigoroso na apuração – como certamente a polícia ou a Justiça fará -, mas se houver necessidade de adequação na prática desportiva, ela deve ser feita e o paraquedismo continuar. Me parece que houve um exagero na decisão. Eu tenho que respeitar”, completa.