“Morrer é uma loucura”, diz sobrinha de médico que faleceu em abrigo
A nutricionista Amanda Medice compartilhou carta nas redes sociais sobre o tio. Voluntário, Leandro Medice morreu em abrigo no RS
atualizado
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Sobrinha do médico cardiologista Leandro Medice, de 41 anos, a nutricionista Amanda Medice compartilhou pelas redes sociais uma carta aberta ao tio, que foi encontrado morto em um abrigo de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, na segunda-feira (13/5). Leandro era voluntário no abrigo e a principal suspeita é de que ele tenha sofrido um mal súbito.
O plano era passar a segunda-feira toda trabalhando e retornar ao Espírito Santo à noite. No texto, divulgado pela sobrinha e afilhada de Leandro, Amanda Medice conta que os dois tinham planos que não vão mais se concretizar, como um almoço que teriam marcado para a próxima semana.
Leia a carta na íntegra:
Morrer é ridículo.
Você combinou o que iríamos almoçar na semana seguinte, está com planos de reformar sua casa, está preocupado com contas, com várias ideias para o instituto… e do nada, pela manhã, morre. Como assim??? E os e-mails que você não leu? sua toalha molhada no varal? suas roupas para lavar? O instituto para limpar? Os pacientes? A nossa família? Você passou mais de 10 anos estudando, se profissionalizando… fez fisioterapia, medicina, se especializou em cardiologia, intensivista, transplante capilar… De uma hora pra outra, tudo termina num infarto no meio da tragédia que você foi ajudar no Rio Grande do Sul.
Morrer é uma loucura. Te obriga a sair da festa na melhor hora, sem se despedir de ninguém, sem ter um último abraço ou um último “te amo”. Dindo, meu amor, éramos tão iguais e nunca me imaginei escrevendo isso para você… para sempre serei sua filha, sua cópia!
Eu te amo além da vida,
com amor, sua filha do coração,
Amanda.
Também por meio das redes sociais, a mãe de Leandro compartilhou uma publicação afirmando que o médico teve um infarto fulminante.
Centenas de amigos e familiares comentaram a última publicação feita por Leandro. Entre as mensagens, todos afirmam que ele era uma pessoa bondosa e um profissional exemplar.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) também se solidarizou com a morte do profissional. “Todo o nosso corpo de conselheiros do CRM-ES se solidariza com familiares, amigos e com as pessoas que o conheceram e sabiam da sua vocação e sensibilidade como médico”, disse, em nota.
Na tarde desta terça-feira (14), o presidente Lula publicou nas redes sociais um texto sobre a morte do médico. “Ele é um exemplo de entrega e solidariedade, como o que estamos vendo de todas as partes do Brasil para ajudar o povo gaúcho neste momento de dificuldades”, escreveu.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, também lamentaram o ocorrido. O governo capixaba decretou luto oficial de três dias.