Morre desembargador que ficou famoso após ser refém em prisão goiana
Magistrado era presidente do Tribunal de Justiça de Goiás quando acabou no meio de uma rebelião dentro do presídio Cepaigo
atualizado
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O desembargador aposentado Homero Sabino morreu nesta quinta-feira (27/10), aos 92 anos, em Goiânia. Personalidade conhecida do Judiciário goiano, ficou famoso nacionalmente nos anos 90, quando se tornou refém em uma rebelião no Cepaigo, então presídio de Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital de Goiás.
Sabino participava de uma vistoria no presídio em 28 de março de 1996, com outros representantes do Tribunal de Justiça e da Polícia Militar. Presos ficaram sabendo da visita das autoridades e começaram uma rebelião, fazendo os visitantes de reféns, entre eles o desembargador, que na época era o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO).
Entre os presos que lideravam a rebelião estava Leonardo Pareja, bandido brasileiro famoso por ações cinematográficas. Foram sete dias com as autoridades como reféns.
Por fim, os detentos liberaram os reféns, pois conseguiram o que queriam: oito veículos para a fuga, 20 coletes à prova de balas, revólveres, munição e R$ 100 mil em dinheiro, além da garantia de que não seriam perseguidos.
Reféns bem tratados
Para surpresa geral, após o sequestro Homero Sabino elogiou a atuação do então detento Leonardo Pareja na negociação com a polícia. Em entrevista para a Folha de S.Paulo na época, o desembargador disse que nenhum preso tocou em um fio de cabelo dos reféns e declarou ainda que “daria nota 10 para o pior criminoso”.
“Todo o restinho de amor e afeto que resta no coração desses presos, eles dedicaram a nós”, afirmou o então presidente do TJGO em 1996.
Repercussão
Homero Sabino ingressou na magistratura goiana em 1957 como juiz substituto em Morrinhos (GO). Ele foi um dos fundadores da Associação dos Magistrados de Goiás (Asmego). Antes de ser juiz, foi servidor público em Goiânia.
Em nota, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) disse que recebeu com grande pesar a notícia da morte de Sabino. “Hoje a magistratura goiana perde um grande nome, que com sua experiência trilhou um caminho permanente de conquistas e ensinamentos”, escreveu.
O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), também divulgou uma nota de pesar. “Eu e minha esposa, Thelma Cruz, compartilhamos da dor de familiares e amigos nesse momento de consternação. Pedimos a Deus que leve conforto ao coração de todos”, escreveu o chefe do Executivo da capital de Goiás.
O velório de Sabino está previsto para começar a partir das 14 horas desta quinta, na sede da Asmego. O cortejo sairá às 18h30 para o Cemitério Jardim das Palmeiras, onde ele será sepultado às 20h.