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Morre aos 66 anos Jorge Picciani, ex-presidente da Alerj

O político estava internado num hospital de São Paulo para tratar um câncer

atualizado

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1 de 1 jorge-picciani-840×565 - Foto: Alerj/Divulgação

Rio de Janeiro – O ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Jorge Picciani, 66 anos, morreu nesta sexta-feira (14/5), vítima de um câncer na bexiga e na próstata. A morte foi registrada a 1h05 no Hospital Vila Star, em São Paulo, onde estava internado para tratar a doença.

Durante a semana, o ex-deputado teve uma parada cardiorrespiratória e estava na UTI, entubado. O corpo já está sendo transladado para o Rio.

Jorge Sayed Picciani nasceu em 25 de março de 1955, em Mariópolis, na zona norte do Rio de Janeiro. Era formado em contabilidade pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e em estatística pela Escola Nacional de Estatística e foi um importante político e pecuarista — desde o início dos anos 90, Picciani se dedicava à reprodução assistida de gado.

Ele era casado com Hortência Oliveira Picciani desde 2014 e deixa cinco filhos: o ex-deputado federal Leonardo Picciani; o deputado estadual e ex-secretário municipal de Transportes do Rio, Rafael Picciani; o zootecnista e empresário Felipe Picciani; Arthur, de 10 anos, e o caçula Vicenzo.

Em 1990, Picciani conquistou o primeiro dos seis mandatos como deputado estadual. Passou por todos os cargos importantes do Legislativo, até se eleger, por quatro mandatos consecutivos, presidente da Alerj (2003-2010). Em 2015, após ficar quatro anos afastado, voltou a ocupar o cargo. Picciani teve passagem pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) e era filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro lamenta profundamente a morte do ex-deputado e ex-presisente da Casa, Jorge Picciani. A Casa foi informada oficialmente do falecimento no início da manhã desta sexta-feira pela família de Picciani, que presidiu a Alerj por três mandatos. O presidente da Casa, André Ceciliano, ofereceu as instalações do Salão Getúlio Vargas para o velório, que deve ocorrer no inicio da noite. A Casa vai decretar luto oficial de três dias.

O governador Cláudio Castro lamentou a morte dde Picciani em uma nota: “recebo com pesar a notícia do falecimento do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Jorge Picciani. Expresso, neste momento, minha solidariedade à família e aos amigos”. A Prefeitura do Rio informou que não vai emitir nota oficial sobre a mote do ex-deputado.

Carreira

Conhecido como o “Homem de Palavra”, Picciani foi aliado do ex-governador Sérgio Cabral e chegou a ser investigado pela Lava Jato, suspeito de corrupção. Uma de suas características era a habilidade de negociar e conseguir votos para aprovar os projetos que tinham seu apoio.

Um dos projetos reduziu as férias dos parlamentares. Foi durante a sua gestão também que a lei proibindo o nepotismo foi aprovada — três anos antes de o STF estabelecer a não contratação de parentes como regra nacional. É de sua autoria ainda a lei que garantiu vagões exclusivos para mulheres na hora do rush em trens e no metrô do Rio.

Picciani criou a Comissão de Ética da Alerj — que levou à cassação quatro deputados —, a TV Alerj, a Escola do Legislativo, o Fórum de Desenvolvimento do Estado e o Parlamento Juvenil.

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A Operação Cadeia Velha tinha como um dos alvos Jorge Picciani
Jorge Picciani foi depitado por seis vezes e, além da política, se dedicava à pacuária
Jorge Picciani foi presidente da Alerj por quatro mandatos
Preso na operação Cadeia Velha, Picciani presta depoimento na PF
O ex-deputado Jorge Picciani (MDB) preso na Operação Cadeia Velha
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O deputado Jorge Picciani (MDB) desembarca no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rioe é levado por agentes para prestar depoimento na sede da Polícia Federal.

RODRIGO MENEZES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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A Operação Cadeia Velha tinha como um dos alvos Jorge Picciani

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Jorge Picciani foi depitado por seis vezes e, além da política, se dedicava à pacuária

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Jorge Picciani foi presidente da Alerj por quatro mandatos

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Preso na operação Cadeia Velha, Picciani presta depoimento na PF

CLEVER FELIX/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
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O ex-deputado Jorge Picciani (MDB) preso na Operação Cadeia Velha

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Jorge Picciani deixa mulher e cinco filhos

Reprodução/Facebook/Jorge Picciani
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Leonardo Picciani é um dos filhos de Jorge Picciani que seguiu o pai na política

Antônio Cruz/Agência Brasil

Em 2010, disputou uma cadeira do Senado. Obteve 3.048.034 de votos e, por uma pequena diferença do segundo colocado (0,8%), não atingiu seu objetivo. Entre 2011 e 2014, se dedicou à vida empresarial e presidiu o PMDB no Rio. Candidato nas eleições de 2014 a deputado estadual, Picciani recebeu 76.590 votos. Foi a nona maior votação no Rio e a terceira do partido no estado.

De volta à Alerj, reassumiu a presidência em 2015, com 65 dos 70 votos dos deputados estaduais. Seu primeiro ato foi propor um pacote de medidas de transparência e austeridade, entre eles a redução do auxílio-educação, que passou a ser estendida a alunos de escolas públicas.

Nos primeiros 20 anos como deputado, ele só se afastou uma vez do Legislativo: em 1993, foi convidado pelo então governador Leonel Brizola para assumir a Secretaria Estadual de Esportes e Lazer e a presidência da Suderj. As missões eram recuperar o Maracanã, que havia sido interditado após a grade da arquibancada ceder, ferindo dezenas de torcedores no final do campeonato brasileiro, e reabrir o Macaranazinho, que também havia sido fechado após um acidente durante um show de rock que matou um jovem eletrocutado.

Prisões

Picciani foi alvo de duas grandes operações contra a corrupção na Alerj. Em novembro de 2017, a Operação Cadeia Velha prendeu o então presidente da Casa, além dos deputados Paulo Mello e Edson Albertassi.

Segundo as investigações, os deputados usavam da sua influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus e também as empreiteiras.

Um ano depois, já em prisão domiciliar, Picciani e outros nove parlamentares foram alvo da Furna da Onça, sobre o recebimento de propinas mensais de até R$ 100 mil e de cargos para votar de acordo com o interesse do governo.

O esquema teria movimentado pelo menos R$ 54 milhões, segundo a PF. Ele e outros ex-parlamentares foram denunciados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Em 2019, ele foi condenado há 21 anos de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 2ª região.

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